A força da representatividade política dos cristãos evangélicos no Brasil contará com mais uma opção entre as legendas partidárias. Se trata do PRC – Partido Republicano Cristão, que está sendo organizado pela Igreja Assembleia de Deus, através de uma estratégia envolvendo um exército de pastores na coleta de assinaturas que visam oficializar a sigla junto ao Tribunal Superior Eleitoral.
Com mais de 18 milhões de membros, segundo último senso levantado em 2010 pelo IBGE, a Igreja Assembleia de Deus é a maior instituição evangélica do Brasil, proprietária também de editoras, rádios e programações de TV, além de uma operadora de celular criada em 2015, chamada “Mais AD”, pioneira no segmento.
O PRC vem sendo articulado desde 2015, conforme noticiamos sua intenção de criar um partido político que reúna todos os fiéis que atuam nos poderes Legislativo e Executivo. Dessa vez, de olho nas eleições de 2018, a Assembleia de Deus já conseguiu 300 mil registros dos 486, ou 0,5% dos votos válidos da última eleição que precisa para oficializar o novo partido. Dado a expressividade da igreja em todo Brasil, acredita-se que esse número será alcançado com facilidade.
Presidido pelo deputado Ronaldo Fonseca (atualmente do Pros-DF), estima-se que o novo partido já contará com uma bancada forte, de 24 deputados, todos ligados atualmente à Assembleia de Deus, além de Vereadores e Prefeitos, sem contar com possíveis simpatizantes com o ideal da legenda, que podem migrar e fortalecer ainda mais a pauta “conservadora” do partido.
PRC e a proposta de ser um partido “pró-família”
Segundo o pastor Lélis Marinhos, uma das pautas principais do PRC será atuar em defesa da “família tradicional”, um tema que já vem sendo muito debatido em decisões polêmicas no Congresso e no judiciário, envolvendo, por exemplo, a questão do chamado “casamento gay”. Para ele a família é “aquela chamada tradicional, com o princípio básico bíblico da família hétero”, disse em publicação no jornal Folha de São Paulo.
Para o pastor Marinhos, que também é o coordenador político da Convenção das Assembleias de Deus, não se trata de criar um partido em nome da igreja, mas sim que a represente, pois “como instituição, oficialmente, igreja não tem partido, a lei não permite. Mas ela pode ter representatividade. Isso está sendo trabalhado [por meio do PRC]”, disse ele na mesma matéria.
Por fim, outra grande instituição religiosa que teve a mesma iniciativa foi a Igreja Universal do Reino de Deus, criando o PRB – Partido Republicano Brasileiro, organizado inicialmente em 2003, mas oficializado apenas em 2005.