Ao longo da história muitos estudiosos se dedicaram à história em torno da vida de Cristo. Usando como referência textos como os evangelhos oficiais de Marcos, Lucas, Mateus e João, os evangelhos apócrifos, as cartas de São Paulo, o trabalho do historiador Flávio Josefo e os papiros do Mar Morto, historiadores e outros estudiosos tentam buscar respostas sobre diversos aspectos da história central do cristianismo.
De acordo com a agência EFE, entre esses estudiosos estão o catedrático de Filologia Grega da UCM, Antonio Piñero, que escreveu o livro “Cidadão Jesus” onde tenta juntar peças presentes nessas fontes e considera Jesus “um homem normal, embora tivesse talha de herói”, e o psiquiatra legista José Cabrera, que publicou “CSI: Jesus Cristo”, livro no qual analisa com visão científica a morte na cruz.
Piñero defende a ideia de que Jesus não foi crucificado em uma sexta feira, segundo ele “é mais provável que Jesus tenha sido crucificado na quinta-feira, pela simples razão de que se foi crucificado às 3 da tarde da sexta-feira, teria morrido já no final da tarde. Isso para os judeus é o novo dia, ou seja, sábado (Shabbat), dia de descanso, no qual não se pode realizar uma crucificação”.
O médico afirma ainda que Jesus não foi enterrado em um sepulcro de pedra, e sim em uma vala. “Jesus morreu no dia anterior à celebração da Páscoa, por isso que as autoridades judias não queriam de nenhuma maneira que os cadáveres ficassem ali, e por isso foram eles mesmos que o desceram da cruz e o enterraram em uma vala comum”, afirma.
Já José Cabrera aborda outros aspectos da tradição cristã. Segundo ele a morte de Jesus teria tido, acima de tudo, motivos políticos. Ele argumenta que “a versão tradicional (a dos Evangelhos) consiste em eliminar de toda culpabilidade Roma por esta morte e tachá-la a problemas internos e religiosos dentro do Judaísmo”, mas que Jesus “era um homem muito perigoso para muita gente”, e por isso ele afirma que “Jesus foi condenado à morte pelos romanos como pretendente messiânico, como indivíduo politicamente perigoso ao se proclamar messias-rei, pois poderia provocar imediatamente um motim contra as forças de ocupação romanas”.
Outro assunto polêmico abordado por Cabrera é a idade que Jesus tinha quando foi crucificado. Indo contra a tradição de que Jesus teria sido crucificado aos 33 anos, o estudioso argumenta que Pôncio Pilatos, que ordenou a execução de Jesus, era governador regional da Judeia entre 29 d.C. e 37 d.C., anos nos quais a única sexta-feira de Páscoa com lua cheia foi a do dia 7 de abril do ano 30 – o que o leva a concluir que Jesus morreu com 36 anos – ou 7 de abril do ano 33 – com 39. Ele completa afirmando que “em qualquer caso, um homem nessa idade era maduro, com 40 anos já era um avô”.
Porém os dois estudiosos não abordam a questão da ressureição de Cristo. Piñero se isenta do assunto argumentando que “demonstrar se Jesus ressuscitou ou não, é uma questão que obedece à fé”.
Fonte: Gospel+