A violência sexual praticada por terroristas muçulmanos em várias partes do mundo contra mulheres cristãs e não cristãs é uma característica marcante da perseguição religiosa promovida pelo radicalismo islâmicos. No no Nordeste da Nigéria, região onde atua o grupo extremista Boko Haram, é uma das mais afetadas.
Foi esse mesmo grupo que em abril de 2014 sequestrou 276 meninas em uma escola da região, para transformá-las em escravas sexuais ou “esposas” do grupo. Algumas delas foram resgatadas, mas as violências que sofreram durante os dias de cativeiro deixaram marcas não apenas físicas, mas também psicológicas.
Esther é uma dessas mulheres. Cristã, ela ficou um ano presa, literalmente, no “inferno” terrorista do Boko Haram. Na época ela tinha apenas 17 anos, mas sua fé em Jesus Cristo não lhe deixou sucumbir perante a onda de violência. Apesar dos traumas, ela decidiu não negar a sua fé:
“Não consigo contar quantos homens me estupraram. Toda vez que eles voltavam de seus ataques, eles nos estupravam. Cada dia que passava, eu me odiava cada vez mais. Eu senti que Deus me abandonou. Houve momentos em que eu estava tão brava com Ele. Ainda assim, não conseguia renunciar a Ele. Eu me lembrava de Sua promessa de nunca me deixar ou me abandonar”, disse ela ao Portas Abertas.
Esther foi resgatada por militares nigerianos em novembro de 2016, mas não teve o apoio da sua comunidade. Ela e outras ficaram conhecidas como às “mulheres do Boko Haram” e sua filha, chamada Rebecca, foi apelidada de “Boko”.
“Eu não tinha ideia de como eu poderia amar essa criança”, disse ela. “Eles zombaram de mim porque estava grávida. Mesmo meus avós me desprezaram e me chamaram de vários nomes. Derramei muitas lágrimas. Eu me senti muito sozinha. O que quebrou meu coração ainda mais foi que se recusaram a chamar a minha filha de Rebecca. Eles se referiam a ela apenas como ‘Boko’”.
Ainda grávida, Esther poderia ter encontrado vários motivos para tirar a vida da sua filha, abortando o bebê fruto dos vários estupros que havia sofrido. Ela não fazia ideia de quem era o pai da criança. Todavia, Esther foi acolhida pela organização Portas Abertas, que lhe ensinou à depositar em Jesus Cristo toda a dor que sentia. Eles lhe deram apoio material e acompanhamento espiritual.
Atualmente o comportamento de Esther mudou. Após ter deixado na cruz seus traumas profundos, ela conta que até a sua comunidade percebeu a transformação: “As pessoas notaram uma mudança. Algumas dessas pessoas que costumavam me zombar agora me perguntam o meu segredo. Eu digo: ‘Perdoei meus inimigos e confiei em Deus para se vingar no tempo Dele”, disse ela.
A filha que antes Esther não fazia ideia de como amar, ganhou sentido em sua vida: “Rebecca se tornou minha alegria e riso em meio à tristeza”, disse ela.