O papiro apelidado de “evangelho da esposa de Jesus”, que faz referência a uma suposta companheira do nazareno, foi analisado por pesquisadores e apontado como fraude. Agora, com mais análises, estudiosos acreditam que forja do documento teria sido realizada décadas atrás.
Todo o imbróglio envolvendo a divulgação do papiro se arrasta desde 2012, quando a professora Karen King revelou o material, que possui uma linha onde é possível traduzir a frase “Jesus disse-lhes: ‘Minha esposa…’”, e em outra parte, há referência a uma mulher chamada “Maria”, que seria Madalena.
A professora King obteve o papiro em 2011 de um colecionador que o havia comprado 12 anos antes, em 1999, de um alemão chamado Hans-Ulrich Laukamp, que o havia adquirido em 1963, na cidade de Postdam, parte leste da Alemanha, que nessa época ainda era dividida em duas.
O site Live Science foi atrás dos detalhes da história e descobriu que Laukamp não poderia ter obtido o material no local e data alegados, pois a separação entre os dois países impunha inúmeras dificuldades para que os moradores viajassem de um lado para o outro. Laukamp vivia na chamada Alemanha Ocidental.
O advogado que representa o patrimônio deixado por Laukamp, Rene Ernst, diz que não há registros de que seu cliente tenha sido proprietário do papiro, pois como vivia na parte oeste de Berlim, não tinha autorização para frequentar a parte leste da cidade.
Ernst destaca ainda que, caso Laumkamp se aventurasse pela Berlim Oriental estaria correndo risco de morte, e a posse do tal papiro só agravaria sua situação do ponto de vista legal. Ainda segundo o advogado, Laukamp jamais manifestou interesse em juntar antiguidades.
Uma hipótese levantada pelo Live Science é que algum dos funcionários de Laukamp tenha produzido uma falsificação. O empresário alemão era proprietário de uma fábrica de ferramentas chamada American Coporation for Milling and Boreworks, com uma unidade em Berlim e uma filial na Flórida.
Essa empresa tinha entre seus funcionários representantes comerciais, engenheiros, e, curiosamente, cientistas, que poderiam ter produzido uma falsificação. Essa hipótese é levantada por questões ligadas à gramática incomum a documentos da mesma época a que o papiro supostamente pertenceria, assim como a escrita rudimentar.
O motivo que poderia ter levado o empresário a falsificar o papiro seria a expansão dos negócios de sua empresa, pois um ano antes de vender o papiro, Laukamp abriu uma nova fábrica em Berlim e comprou uma casa na cidade de Venice, na Flórida.
A teoria do Live Science sugere que, por necessidades financeiras, Laukamp teria ordenado a falsificação, usando técnicas modernas de envelhecimento, para que posteriormente o vendesse por um valor que custeasse suas novas despesas.
A professora que trouxe o documento à tona em 2012, Karen King, desconfia dessa teoria, já que testes com carbono apontam que o papiro teria sido fabricado e escrito há mais de 1.200 anos.