O novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, é evangélico e um opositor da ideologia de gênero e da doutrinação política em sala de aula, pauta que ficou conhecida pelo nome do principal movimento ligado ao tema, o Escola sem Partido.
Ligado à Igreja Batista, Decotelli é oficial da reserva da Marinha e bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), mestre pela Fundação Getúlio Vargas, doutor pela Universidade de Rosário (Argentina) e pós-doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha.
Substituto de Abraham Weintraub, Decotelli, destacou que sua formação é alinhada com preceitos bíblicos: “Eu sou um técnico. Cresci dentro da Primeira Igreja Batista do Rio e sou voltado para as questões da crença neotestamentária do núcleo evangélico tradicional, como as igrejas Batista, Metodista, Presbiteriana. Frequentei escola dominical desde dois anos de idade e hoje sou membro da Primeira Igreja Batista de Curitiba. Nas convicções que estão na Bíblia, no Novo Testamento, eu acredito. Uma questão de fé. É assim que procedo na minha vida”, disse.
O novo ministro da Educação concedeu entrevista à jornalista Jussara Soares, do jornal O Estado de S.Paulo, e afirmou que considera “o sistema de cotas uma das políticas públicas que são positivas”, mas cobrou uma “autocrítica como brasileiros” a respeito do que o país quer para o futuro.
“Eu vejo uma necessidade didático-pedagógica de nós chegarmos ao século 21 e dizer: ‘Olha, não importa a sua etnia, não importa origem de raça ou de cor, você deve ter sonhos para buscar a sua realidade’. Quando você constrói um pré-conceito, você está bloqueando sonhos, destruindo vidas. A minha motivação é que hoje haja inspiração para que no Brasil possamos refletir a autocrítica do que queremos como sociedade. Quanto menor quantidade de preconceito existir, melhor será a construção de oportunidades para que o ser humano se realize, independentemente de ele ter gênero masculino, gênero feminino, que seja negro ou asiático”, disse, indicando uma visão meritória.
Para o ministro, a “grande pergunta” sobre o tema é: “Quais são as formas pelas quais as pessoas vão se sentir bem e iguais e como transformar seres humanos que etnicamente nasceram diferentes, mas com oportunidades iguais na convivência social? E essa pergunta passa por vários itens, incluindo a realidade das cotas, mas também símbolo, o apoio, o diálogo”.
Segundo ele, Bolsonaro quer um trabalho voltado à qualidade no ensino: “O presidente solicitou a máxima dedicação para fortalecer a gestão e a comunicação do MEC para favorecer o diálogo. Outra solicitação é que seja feita uma atualização dos indicadores de avaliação do nosso desempenho educacional. Atualmente, temos problemas com o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), que mede a qualidade da educação básica, que trabalha com metas que foram construídas em 2005. Fica muito defasado e por isso é preciso revisar os indicadores para que tenhamos uma realidade comprovada do que queremos avaliar”.
Veículos de imprensa têm destacado que Carlos Alberto Decotelli seria uma indicação da ala militar do governo, e que é o primeiro negro a ocupar um cargo de primeiro escalão no governo do presidente Jair Bolsonaro, que conta com homens e mulheres, brancos e pardos, civis e militares na equipe da Esplanada dos Ministérios.