O filme “Êxodo: deuses e reis”, que contará a história da fuga do povo hebreu do Egito, terá uma particularidade inserida pelo diretor Ridley Scott: a voz de Deus que se dirige a Moisés foi gravada por um menino de 11 anos de idade.
O épico, que tem estreia marcada para o dia 25 de dezembro no Brasil, mostrará a relação entre Moisés e o faraó Ramsés, preservando a narrativa bíblica de que ambos foram criados juntos pela família real egípicia.
A ideia de Scott de colocar um menino como intérprete de Deus a Moisés foi uma maneira de amenizar críticas. No filme, Deus se dirige ao líder hebreu de diversas formas, mas quando precisa falar com ele diretamente, usa um menino, Malak, que é interpretado por Isaac Andrews, que tem 11 anos.
“Escolher uma voz para Deus é uma proposta especialmente complicada. Quando o estúdio DreamWorks Animation fez o filme “O Príncipe do Egito”, em 1998, alguns executivos do estúdio consideraram usar uma voz que iria se transformar de homem para mulher até se tornar criança, mas abandonaram a ideia por achar que ela poderia causar rejeição. Ao final, o ator Val Kilmer ficou responsável pela voz de Deus”, comentou o jornalista Kim Masters.
O próprio diretor comentou a escolha e afirmou que a Bíblia abre essa possibilidade: “Os textos sagrados não dão nenhuma descrição específica de Deus, por isso, durante séculos, artistas e cineastas tiveram de escolher a sua própria representação visual. [O personagem] Malak exala inocência e pureza, e essas duas qualidades são extremamente poderosas”, explicou Ridley Scott.
O encontro entre Moisés e Malak se dá no momento em que o profeta está na sarça ardente. O momento em que Moisés se dá conta de que o menino fala como Deus é quando ele o orienta para um debate.
O escritor William P. Young, autor de A Cabana, é um dos que escolheu representar Deus de uma maneira ousada. No livro, a figura de Deus é uma senhora negra que conversa com o protagonista sobre sua jornada de vida e seus conceitos pré-estabelecidos.
O rabino David Baron atuou como um consultor no filme e reconhece que essa representação de Deus e outros trechos do filme podem criar discussões. “Eles saíram do texto bíblico, mas o texto bíblico é muito conciso […] O resultado disso é que as pessoas irão sair do cinema e ler a Bíblia, por isso vale a pena”, ponderou.
“Êxodo: deuses e reis” custou aproximadamente US$ 150 milhões e é mais um marco da tendência de Hollywood em usar temas bíblicos para produzir longa metragens.