O trabalho de uma missionária cristã que atua no Sudeste da Ásia com foco em resgatar meninas que são transformadas em mercadoria e sofrem exploração sexual recebeu atenção da imprensa cristã internacional, despertando o debate sobre o papel da Igreja de Cristo no combate a esse tipo de crime.
A missionária americana identificada como Holly D não revelou o local exato de sua atuação por questões de segurança, já que enfrenta uma lucrativa indústria de tráfico humano para exploração sexual.
Atualmente, essa indústria tem no sudeste da Ásia uma fonte de receita multibilionária ao custo da prostituição de menores, de acordo com a emissora Christian Broadcasting Network (CBN News), que enviou um correspondente à região para ouvir a missionária.
“Sou uma ex-viciada em drogas. Traficante. Eu costumava produzir metanfetamina e morava na Califórnia, e era uma pessoa terrível. Eu era realmente escandalosa, muito violenta. E eu deixei o pecado me controlar. E, finalmente, Deus me salvou quando eu estava na prisão”, resumiu a missionária.
Alcançada pelo Evangelho, Holly decidiu se matricular em uma escola bíblica assim que cumpriu sua sentença: “Quando eu estava me preparando para me formar, o Senhor me chamou para a Ásia. E foi como se esse amor instantâneo tivesse derramado em meu coração”, acrescentou.
“O Senhor acabou colocando no meu coração para abrir uma casa para meninas apenas para abrir um lugar seguro para as mulheres. Temos meninas aqui que foram abusadas com apenas oito anos de idade – mais jovens, na verdade, cinco anos de idade”, relatou à reportagem, pontuando que atualmente mais de 40 mulheres e meninas estão sob seus cuidados.
Papel da Igreja
O cenário do tráfico humano para exploração, inclusive sexual, se tornou um forte debate na sociedade – inclusive no meio evangélico – por conta do estrondoso sucesso do filme Som da Liberdade, que deverá entrar em cartaz no dia 31 de agosto na América Latina.
A secretária de Políticas para a Mulher do estado de São Paulo, Sonaira Fernandes, evangélica, foi ouvida pelo GospelMais e afirmou que cristãos têm um papel fundamental a ser cumprido no enfrentamento a esse tipo de exploração:
“Apesar de toda a perseguição que sofremos no mundo de hoje, a verdade é que nós, cristãos evangélicos e católicos, continuamos estendendo as mãos para muitas pessoas que ninguém mais enxerga, e colocando nossos pés em lugares que o Estado não alcança”, pontuou, apontando para o trabalho missionário exercido pelas diferentes denominações.
Sonaira enfatizou ainda que “a Igreja de Cristo tem uma missão profética que é a de levar a mensagem da Cruz a todos os cantos do mundo, e também de promover a libertação dos cativos e oprimidos”, não importando a quem a atuação da Igreja venha incomodar: “Esse sempre foi o nosso chamado. E não precisamos nos apoiar em ideologias para cumpri-lo”.
Essa compreensão é compartilhada pelo pastor Heuring Motta, professor de Ciências Políticas e presidente da Missão Juntos Pelo Evangelho: “A Igreja é o sal da terra, cidadã de dois mundos, é sua vocação amar as vítimas, abrigar, restaurar e cooperar com as autoridades competentes na defesa das vítimas”, declarou.
O cenário exposto no caso da missionária americana que atua no sudeste asiático não é muito diferente do encontrado em solo brasileiro, lamentou o pastor: “Moro no Estado da Bahia onde se encontra o maior índice de violência do nordeste, a maior taxa de analfabetismo e de crimes que envolvem exploração sexual infantil. A mulher explorada sexualmente – reduzida ao estado de uma simples mercadoria, desumanizada e descartada como se fosse um simples papel sujo – grita por socorro”.
“A noiva de Cristo é chamada para tomar a cruz, para o martírio. Sua ação no mundo é ordem do Mestre Jesus, que diz: ‘E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes (Mateus 25:40)’”, exortou Heuring Motta.
Confira a íntegra da matéria sobre a missionária americana no Sudeste asiático: