O reverendo Augustus Nicodemus Lopes compartilhou um Stories em seu Instagram afirmando que a Congregação Cristã no Brasil é uma seita, um posicionamento que passou a ser adotado recentemente pela Igreja Presbiteriana do Brasil, mas que é ventilado há muitos anos entre outras denominações evangélicas.
Em julho de 2022, a Igreja Presbiteriana do Brasil realizou um concílio em Cuiabá (MT) e concluiu que a Congregação Cristã no Brasil é uma seita. Esse posicionamento é o adotado também pela Assembleia de Deus, conforme evidenciado em uma edição das Lições Bíblicas da CPAD, de 1997, sobre “Seitas e Heresias” que elenca a CCB como um movimento antibíblico.
No concílio presbiteriano, alguns dos motivos que elencaram a CCB como uma seita é que em seu estatuto houve uma mudança de declaração sobre a Bíblia, que dizia que o movimento a tinha como “infalível Palavra de Deus, inspirada pelo Espírito Santo”, mas depois da alteração, agora declara que a Bíblia “contém” a Palavra de Deus, abrindo margens para que outras formas de revelação sejam aceitas.
Questionado, o pastor Augustus Nicodemus foi categórico em afirmar que a Congregação Cristã no Brasil é uma seita: “Essa é a posição da Igreja Presbiteriana do Brasil desde 2022, ano passado, com a qual eu concordo inteiramente, uma vez que a CCB tem algumas práticas que são características de seitas”, declarou.
Para justificar esse posicionamento, o pastor citou as “compreensões equivocadas a respeito das Escrituras, dizendo que a Escritura contém a Palavra de Deus”, e acrescentou problemas como a cristologia no batismo da CCB “parece fazer uma divisão entre as duas pessoas de Cristo, uma vez que o nome de Cristo é mencionado duas vezes”.
Devido ao curto tempo de um vídeo no formato Stories do Instagram, Augustus Nicodemus não pode se aprofundar na argumentação, mas citou ainda o “exclusivismo” ensinado pelo movimento:
“Dá a entender que fora da CCB não há possibilidade de Salvação, e que a verdade só veio à luz com a fundação da CCB pelo trabalho de Luigi Francescon. Por tudo isso, a IPB não considera a CCB como sendo uma igreja genuinamente evangélica e recomenda que todos os que vêm da CCB para a IPB sejam batizados depois de fazerem sua pública profissão de fé”, finalizou.
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‘Graça’
O exclusivismo citado por Nicodemus é pregado na CCB, dentre outras formas, através do texto de Efésios 2:8,9, em que o texto diz “pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie”.
A interpretação adotada oficialmente pelo movimento é que a palavra “graça” no texto se refere à Congregação Cristã no Brasil. O pastor Marcos Granconato, da Igreja Batista Redenção, comentou recentemente esse tema em um sermão, explicando que ela compreensão é um dos fatos mais surpreendentes relatados pelos fiéis que vêm abandonando a CCB e se convertendo ao Evangelho em outras igrejas evangélicas.
“Na visão dessas pessoas, a palavra ‘graça’ aqui significa ‘Congregação Cristã no Brasil’. Esse é o significado da palavra graça aqui [Efésios 2:8]. Irmãos, eu não estou exagerando, não estou inventando, não estou pichando essas pessoas. Elas entendem que ‘pela Congregação Cristã no Brasil sois salvos’. Esse é o significado léxico, o significado do termo ‘graça’ nesse versículo”, resumiu.
“As pessoas são doutrinadas nisso ao longo de décadas e décadas, e elas aprendem isso. Então, quando elas conversam entre si, dentro dessa comunidade, elas dizem ‘há quanto tempo você está nessa graça’. Ou seja, quanto tempo você está na Congregação Cristã no Brasil. […] É assim. É um outro evangelho. Se você está ligado a esse movimento, você é salvo; se você não está ligado a esse movimento, você está perdido, não há salvação fora desse movimento”, acrescentou Granconato, explicando as características do exclusivismo da CCB.