Chai Ling, a única mulher líder nos protestos da Praça da Paz celestial, se converteu ao cristianismo e foi batizada. No dia de seu batismo, ela explicou os motivos que a levaram ao cristianismo: sua incapacidade de mudar a China e a dor de ver tanta violência em seu país, não somente no campo de direitos humanos e democracia, mas, principalmente, pelos abortos provocados pela lei que ordena que se tenha apenas um filho, definida por ela como “um massacre diário, mil vezes pior que o da Praça da Paz Celestial e feito às claras”.
O testemunho foi publicado na íntegra no site da ChinaAid (em inglês), no qual ela fala sobre os diversos encontros e dos amigos que colaboraram para que ela abraçasse o cristianismo. Chai Ling (foto) nasceu durante a Revolução Cultural, filha de soldados do Exército pela libertação do povo, na base nordeste da China. A conversão de Chai Ling é a mais recente entre as de diferentes líderes da Praça da Paz Celestial.
Durante os protestos na Praça da Paz Celestial em maio-junho de 1989, Chai Ling tinha 23 anos e estudava psicologia na Universidade de Beijing (Beishida). Ela era a única líder mulher, que previu com grande tristeza o triste fim do movimento democrático (“Haverá um banho de sangue”, disse ela em uma entrevista alguns dias antes de 4 de junho). Juntamente com outros 11 estudantes, ela fez um juramento que derramaria seu sangue pelo país, tendo como modelo os heróis chineses do passado, que cometeram suicídio para despertar o povo.
Depois do massacre, Chai Ling se tornou uma das 21 pessoas mais procuradas pela polícia chinesa. Com a ajuda de um grupo de budistas e organizações de Hong Kong, após um período escondida, ela conseguiu fugir para a França, e depois Estados Unidos. Morando em Boston, ela se formou em Economia em Harvard, e com seu marido, Robert Maggin Jr., criou uma empresa de software que emprega 300 pessoas. Ela nunca esqueceu seu juramento e sempre doava parte de sua renda para orfanatos e organizações chinesas.
As ameaças e as dificuldades a fizeram perder a esperança. “Apesar de todas as batalhas e sucessos, compreendi como sou pequena se comparada ao sistema. Como eu, uma simples cidadã, poderia enfrentar um sistema inteiro, com muitos recursos?”
Chai Ling não teve ensino religioso. “Na China, não podemos acreditar em Deus. ‘Deus’ foi classificado pelos líderes como o mal que os capitalistas usam para fazer lavagem cerebral nas pessoas. ‘Deus’ era uma palavra proibida em nossa sociedade. Como resultado, o amor de Deus também assustava. A sociedade estava repleta de ódio, desconfiança e medo.
Apoiada por seu marido, um cristão protestante, e alguns amigos que trabalham como voluntários contra o aborto, Chai Ling decidiu aceitar Cristo no dia 4 de dezembro de 2009. No dia 4 de abril, ela foi batizada. A fé na ressurreição de Cristo a deixa mais segura da “vitória em Deus” em meio às tribulações.
Em seu testemunho, Chai Ling demonstra compaixão pelos líderes chineses responsáveis pelo massacre: Ela disse que o perdão de Deus é tão completo que mesmo um dos criminosos que estava com ele na cruz, quando se arrependeu de seus pecados, recebeu a promessa feita por Cristo de levá-lo ao céu. “Se os líderes chineses soubessem que, não importa o que tenham feito, se eles se arrependerem, poderão receber o mesmo amor e perdão que todos nós recebemos. Qual é o presente que eles receberão? Liberdade para eles mesmos e para a China!”
Depois de lutar por ideias de igualdade e democracia, eles descobriram que só há razão em seu comprometimento com os direitos humanos se ele estiver baseado em Cristo. “Quando pensávamos que se iniciava um movimento democrático, gritávamos que todos os seres humanos são iguais. Agora, posso dizer isso com certeza, pois Deus nos criou iguais, segundo sua imagem e semelhança.”
Fonte: Arca Universal / Gospel+