O deputado pastor Marco Feliciano (PSC-SP) concedeu uma entrevista e explicou seu voto a favor do adiamento da investigação contra o presidente Michel Temer (PMDB), alegando prezar pela estabilidade do país e apontando fatores pouco explorados nas análises feitas pela grande mídia em relação à situação.
Feliciano resumiu seu pensamento dizendo que se está “ruim com Temer”, o país ficaria “pior sem ele”, pois a instabilidade política influenciaria no mercado econômico e, consequentemente, geraria um desemprego maior do que o atual, afundando o país em uma crise ainda mais complicada de ser superada.
As declarações de Feliciano foram feitas a Bia Kicis, ex-procuradora da República e atual presidente do Instituto Resgata Brasil, numa entrevista em seu gabinete na Câmara dos Deputados.
No vídeo, Kicis pede que Feliciano explique suas motivações para adiar a investigação contra Temer: “Você é um deputado conservador, não está em nenhuma lista suja, não tem nenhum problema de corrupção. Porque votar a favor da permanência de Michel Temer?”.
Feliciano explica que há uma série de fatores que influenciam na decisão, diferentemente do que a grande mídia tenta fazer parecer: “Nesse momento, é ruim com ele, mas é pior sem ele. Você lembra do impeachment da presidente Dilma Rousseff – que eu apoiei e você fez campanha também -, [que] custou para nós brasileiros 14 milhões de empregos”, introduziu o pastor.
“Explico: toda vez que um governo é abalado, um presidente perde moral diante do povo, o mercado internacional reage de que forma? Secando a torneirinha dos financiamentos. O risco Brasil sobe, o dólar sobe, e subindo o dólar, sobe o nosso produto interno aqui. As empresas com [um preço de] produto alto não conseguem vender. Quando uma empresa não consegue vender, ela manda o empregado embora. O desemprego gera pobreza, que gera miséria, que gera violência”, acrescentou.
O prognóstico feito por Feliciano para definir seu voto a favor do adiamento da investigação contra Temer levou em questão também outros fatores, como por exemplo, a sucessão presidencial, que colocaria no cargo outro denunciado, o presidente da Câmara dos Deputados.
“Se nós derrubarmos o presidente Michel Temer agora, vamos sofrer por um tempo, porque Rodrigo Maia (DEM-RJ) assume a presidência. Rodrigo Maia está dado em todas as delações. Pergunta que fica: a Globo, e a imprensa, vão deixar ele governar por seis meses? Lógico que não, porque eles têm que vender jornal. Daqui seis meses, se o Supremo [Tribunal Federal] afastar o Michel Temer [definitivamente], teremos que chamar novas eleições”, ponderou.
“A esquerda quer ‘Diretas Já’, nós não vamos deixar. Aí vem as [eleições] indiretas, que é o Parlamento que elege. Quem o Parlamento vai eleger? Quem está no ‘alto clero’, está ‘dado’ [nas delações]; do ‘baixo clero’, como eu e Bolsonaro, ninguém quer. Então, nós vamos entregar o Brasil na mão de quem? Caso isso funcione, isso vai dar em abril, mais três meses [de campanha], em julho nós elegemos um novo presidente, e em outubro temos que eleger outro presidente com eleições a nível nacional. Ou seja, isso iria trazer prejuízo para o Brasil”, analisou Feliciano.
Ao longo dos três anos das investigações da Operação Lava-Jato, o Supremo Tribunal Federal ainda não confirmou a condenação de nenhum investigado que tenha sido sentenciado em primeira e segunda instâncias. Nesse cenário, Feliciano aposta que deixar Temer cumprir o mandato resultaria em um direcionamento das acusações para julgamento por Sérgio Moro.
“Nós podemos chegar a 23 milhões de desempregados se o presidente cair agora. Então, nesse momento, eu não voto pela permanência do presidente Michel Temer. Eu voto pela estabilidade do país, para que a economia continue caminhando, para que as pessoas não percam seu emprego. E detalhe: nós não vamos sepultar, vamos protelar. Dia 01 de janeiro de 2019, ele deixa de ser presidente e cai na mão do nosso herói, juiz Sérgio Moro, lá em Curitiba. Que o Mto coloque Michel Temer, caso ele deva, onde ele merece”, concluiu.
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