O pastor Marco Feliciano (Republicanos-SP) afirmou que convenceu o presidente Jair Bolsonaro (PL) a não publicar uma Medida Provisória que regulamentaria empresas de apostas esportivas no país, mas que segundo ele serviria de porta de entrada para cassinos.
O deputado federal tem aproximadamente uma década de estreito relacionamento com Bolsonaro, desde o tempo em que dividiam o protagonismo na Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) na Câmara dos Deputados.
Na visão do pastor, a Medida Provisória – caso fosse aprovada posteriormente pelo Congresso Nacional – funcionaria como uma espécie de cavalo de Troia para a legalização dos jogos de azar no país.
“Sou pastor evangélico. Fui eleito para representar esse segmento. Somos contra qualquer tipo de jogo que envolva apostas em dinheiro. O jogo destrói famílias. Isso aí é a porta para os cassinos”, disse Feliciano ao jornalista Edoardo Ghirotto, colaborador da coluna de Guilherme Amado no portal Metrópoles.
O texto da MP previa a regulamentação de empresas que promovem apostas esportivas, um mercado em franco crescimento no país, com muitas delas patrocinando times que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro.
O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), havia articulado junto aos deputados que formam a base de apoio ao governo federal um texto que focava exclusivamente nas apostas esportivas, já legalizadas pelo governo Michel Temer (MDB), mas ainda carentes de regulamentação.
O lobby para que o mercado seja regulamentado é forte, e vem sendo exercido de maneira franca pelos interessados. André Gelfi, sócio do grupo sueco Betsson na operação da empresa no Brasil, estimou que o mercado não regulado deverá movimentar R$ 60 bilhões apenas em 2022.
Esses cálculos apontam que o país poderia arrecadar R$ 6,4 bilhões, sendo R$ 800 milhões de tributos das empresas, R$ 2,2 bilhões com as outorgas de licenças e R$ 3,4 bilhões de imposto de renda sobre as premiações.
Entretanto, o pastor Marco Feliciano afirma que os números não retratam o cenário mais amplo: “Em primeiro lugar, as “estimativas” foram feitas pelos maiores interessados no assunto, sem qualquer transparência no que diz respeito à forma como chegaram a esse valor”.
“Em segundo lugar, a prostituição e o narcotráfico também movimentam a economia e nem por isso são bons para a sociedade. A jogatina é uma desgraça, seja ela administrada pelo estado ou por mafiosos”, acrescentou o pastor, reiterando a postura intransigente contra o mercado de apostas esportivas.