A trama quase surreal do episódio em que a estudante Patrícia Lélis fez acusações ao pastor Marco Feliciano (PSC-SP) e, em sua narrativa, envolveu diversos nomes, pode estar caminhando para um desfecho, mas não sem antes revelar novos detalhes do que se parece uma novela.
Patrícia Lélis, ao acusar Feliciano de agressão e abuso sexual/estupro, e a seu chefe de gabinete, Talma Bauer, de coação e cárcere privado, afirmou durante depoimento para registro de Boletim de Ocorrência (B. O.) que teria se reunido com o pastor Everaldo Pereira, presidente do PSC, na companhia do deputado federal Gilberto Nascimento (PSC-SP) e recebido propostas para ficar calada e não denunciar o suposto crime, e ameaças de morte caso não aceitasse os valores.
No entanto, essa reunião não teria acontecido, segundo a própria Patrícia, em diálogos mantidos com a psicóloga e palestrante Marisa Lobo (SD-PR), mencionada pela estudante em entrevistas após o registro do B. O. em São Paulo, na sexta-feira, 05 de agosto.
A reportagem do Gospel+ entrou em contato com Marisa Lobo para obter um posicionamento, e a palestrante revelou detalhes que coincidem com algumas contradições já apontadas em matéria que elenca pontos duvidosos da narrativa da estudante de jornalismo.
As novas informações obtidas não servem como prova cabal da inocência de Marco Feliciano, mas ajudam a desconstruir parte do que Patrícia Lélis alegou, e terminam por contribuir para a construção de um quadro que pode envolver interesses políticos. Os prints de tela que serão apresentados ao longo desta matéria foram cedidos pela psicóloga Marisa Lobo, e registrados por ela em ata notarial.
A revelação
Marisa Lobo diz ter sido procurada por Patrícia Lélis no dia 18 de junho, três dias após o suposto abuso sexual cometido por Feliciano, que se aproximou revelando admiração por sua carreira e posicionamento político e que precisava de um contato de um determinado líder evangélico pois estaria passando por “coisas horríveis” e teria sofrido abuso sexual e difamação nos bastidores do Partido Social Cristão.
“Patrícia me contou que tinha um suposto namorado em Curitiba (Thiago), que estava orando por ele, que foi a Curitiba e que ao retornar o mesmo a estava rejeitando, e ela acusava pessoas do partido, que teriam falado coisas absurdas dela para ele. Pelo telefone, contou-me que teria sofrido um abuso sexual de um deputado famoso, mas se negara a contar o nome, pois isso iria abalar todas as causas que defendemos. Me ligou novamente e contou por telefone que o envolvido seria o deputado Feliciano”, afirmou Marisa Lobo.
De volta ao WhatsApp, Patrícia teria enviado a Marisa Lobo o mesmo print que ela revelou logo que fez as acusações contra Feliciano, onde ela se queixava de um machucado na boca e ele sugeria que usasse batom para esconder. Porém, de acordo com a palestrante, durante as conversas, Patrícia sempre desviava o foco do caso do suposto abuso sexual para suas preocupações com sua imagem entre os militantes do PSC e seu, também suposto, relacionamento com Thiago.
Esse homem que Patrícia dizia pretender namorar seria o vereador curitibano Thiago Gevert (PSC), a quem o Gospel+ procurou por duas vezes solicitando entrevista. Na primeira, Gevert afirmou que iria avaliar e retornaria com sua decisão. Na segunda, não respondeu o contato.
Marisa Lobo afirma que tentou intermediar uma reaproximação entre Gevert e Patrícia, mas que ele estava determinado a se afastar dela: “Liguei, mas o Thiago disse que ela era inconstante, que mentiu muito para ele, arrumou confusão, que era obsessiva, e que não queria falar com ela em nenhum momento”, disse a psicóloga. “Neste momento, ela concentrou seus esforços em desmascarar, como dizia, o Feliciano e todo o PSC”, acrescentou.
“Embora se dissesse aflita, com a situação do suposto ‘abuso’ e relatado mais detalhes do mesmo, [Patrícia] mostrava mais interesse em resolver sua situação com o namorado e sua moral com o PSC, fato que narra várias vezes durantes todas nossas conversas. No início fiquei apreensiva com a possibilidade do ocorrido por ser o suposto ‘agressor’ uma pessoa conhecida, que faz parte das minhas relações de amigos de luta em favor da família, fato este pontuado insistentemente pela moça”, sublinhou Marisa.
Provas
A estudante foi questionada por Marisa Lobo sobre a produção de provas a respeito das acusações feitas por ela contra Feliciano, e de acordo com a palestrante, Patrícia alegou que sua palavra bastaria, mas que estava receosa quanto à repercussão negativa que a exposição do suposto crime causaria.
“Contra argumentei que não precisa se preocupar com isso, por que a igreja não comungava com o erro, que ela poderia ir à delegacia e se provado, que a igreja não se escandalizaria, muito pelo contrário. ‘Deus nunca ocultou o pecado de Davi por causa do nome dele. Ele aqui não ocultaria também’”, revelou Marisa.
De acordo com o relato, Patrícia foi instruída a procurar a Polícia com as alegadas provas muito antes de fazer a denúncia através da mídia. “Aconselhei a ir à delegacia munida das provas que dizia ter, além dos prints que me enviara por WhatsApp. Porém, ela queria resolver de outra forma, procurando o PSC, e foi então que me pediu para falar com Everaldo, presidente do PSC. Tentei, mas sem sucesso, pedi para um deputado amigo, porém, ele não falou, pois assim como eu, não entendia porque a moça em questão queria falar com o presidente do partido e não ir à delegacia, já que dizia ter sofrido abuso, que é crime e não política”, observou.
Reunião no PSC
O indicador mais forte de que Patrícia Lélis talvez nunca tenha recebido oferta de silêncio em troca de dinheiro, ou ameaça de morte por parte da cúpula do PSC vem no relato abaixo.
Marisa pontuou que Patrícia havia decidido que “iria falar com Everaldo de qualquer maneira”, pois assim, conseguiria relatar a ele e os demais líderes do partido o que supostamente teria acontecido.
“Eu a orientei então que se fosse falar, dissesse que eu já sabia do assunto, que ela havia falado comigo. Disse isso para no caso dela estar sendo coagida, intimidada de alguma forma (como dizia), que eles soubessem que ela estava sendo ouvida por mim, já que minha relação com toda a diretoria nacional do PSC, embora não faça mais parte do partido, é muito respeitosa. Mas este encontro até então não acontecera”, frisou.
Marisa contou ainda que a postura de Patrícia Lélis estava causando alguns contratempos, mas que pelo hábito adquirido em sua profissão, foi paciente e a escutou todas as vezes que foi procurada.
“No dia 22 de junho (1:07 AM) ela me chamou, falou algumas coisas, mesmo sendo madrugada, estava acordada. Com paciência, dei atenção e perguntei se ela havia falado com Everaldo, ela me respondeu que ‘não, não falarei, ele com certeza sabe o que acontece lá dentro, e se eu falar, será com advogados ao lado’. Horas se passaram, Patrícia dizia estar tentando captar provas, conversando com outras pessoas – das quais não tenho conhecimento – tentando falar com Feliciano por um aplicativo (Telegram), tentando fazê-lo se contradizer, ou deslizar em alguma resposta, gravando tudo o que falava. Me dizia estar acompanhada por amigos todas as vezes que tentava falar com ele, e dizia estar brava porque ele a bloqueou”, recapitulou Marisa Lobo.
Descontrole
Patrícia Lélis teria dado sinais de obsessão com a ideia de conseguir provas contra Feliciano e expor o caso, e assim, passou a agir de forma inconveniente nas conversas com Marisa, segundo alega a palestrante, falando sobre questões de foro íntimo de pessoas próximas ao pastor ou a ela.
“Ela ficou obcecada em encontrar as tais provas, e no afã de conseguir uma fala do deputado ou de alguém que o comprometesse, começou a falar da vida pessoal de outras pessoas, e comecei a entender, pelos comentários em face, que ela já havia falado com muitas pessoas antes de mim, com grupos de militância de direita, e que essas pessoas já a tinham aconselhado a procurar uma delegacia com provas. Mas, por algum motivo, Patrícia oscilava entre ir à delegacia e ameaçar procurar o PT ou PSOL se o PSC não resolvesse seu problema”, comentou Marisa.
Esquerda
A disposição de atingir politicamente Feliciano ficou explícita, segundo Marisa, com as afirmações de Patrícia sobre a quem recorrer caso o PSC não se posicionasse conforme seu desejo.
“Dizia ela que suas prioridades eram punir o Feliciano no partido, falar com o Thiago, fazer ela voltar ao partido com alguma função superior à que supostamente tinha, e que limpassem sua moral dentro do partido”, disse a palestrante.
“Dia 22 de junho (9:50 PM) pelo Whatsapp mandei uma mensagem ao presidente do PSC perguntei se ele sabia do acontecido com uma moça do PSC. A resposta foi: ‘Não sei do que se trata…’. Não entrei em detalhes (pois para mim era constrangedor) e fiquei em silêncio. Em uma das mensagens no mesmo dia 22 de junho, exatamente às 9:51 AM, ela falou o seguinte: ‘Marisa, sei de pessoas de pessoas do PT e PSOL que amariam saber dessa história, cansei de tudo, levarei à delegacia, e nesses partidos, nem que para isso eu mude completamente meu discurso a partir de agora’. Às 10:00 AM, ela reiterou: ‘Marisa, já tomei minha decisão, saindo da delegacia, vou direto pra dentro do PT’”, recapitulou.
Contradições
A essa altura Marisa diz que tinha ficado claro que Patrícia Lélis não era 100% verdadeira em suas alegações, e que sua posição como psicóloga a deixou em situação delicada, pois não queria agir de forma parcial diante da eventualidade de serem verdadeiras as acusações da estudante.
“Comecei a perceber uma complexidade e contradição, chantagem e obsessão em suas falas, porém mesmo assim, em respeito à mesma não dizia da minha desconfiança, pois estava em uma situação delicada”, disse.
Durante os contatos com o Gospel+, Marisa frisou que não atendeu Patrícia Lélis como uma paciente, mas que tinha receio que ela a acusasse de negligência.
“A conversa foi ficando mais surreal, quando me contou que uma moça da UNE a estava procurando para falar com ela sobre o caso. Ela falava comigo como se eu tivesse a obrigação de ajudá-la, de denunciá-lo ao partido. Foi quando disse que não tinha este poder, que não era problema meu […] [Isso] deixou Patrícia inconformada, a ponto de questionar se eu estava recuando em ajudá-la. Percebi naquele momento que Patrícia estava me fazendo refém daquela situação”, narrou.
Encontro com Bauer
No relato, Marisa Lobo diz que ainda ajudou Patrícia Lélis a “falar com mais umas duas pessoas, a seu pedido”, e teria questionado “mais uma vez”, sobre por que o suposto abuso havia “se tornado secundário na sua busca pela resolução de seus problemas” no PSC.
“A conversa foi ficando mais estranha quando Patrícia disse que o assessor do Feliciano, o Bauer, telefonou para ela e marcou encontro em um café, e que ela iria gravar toda a conversa, e levar testemunha, porém disse que tinha ido antes à delegacia, feito B. O., conversado com a delegada e que a mesma mandou dois investigadores irem com ela. E depois desmentiu. Já era dia 23 de junho”, relembrou a palestrante.
O encontro com o chefe de gabinete de Feliciano realmente aconteceu, mas Patrícia se negou a mostrar a gravação a Marisa, assim como o B. O., que a palestrante diz ter se oferecido para levar ao PSC, mas que a essa altura, a estudante de jornalismo novamente revelou que havia mentiras em suas alegações.
“Após a conversa com Bauer no Café, Patrícia me contou que gravou. Pedi então para ver a gravação, ela não quis me mostrar e disse que fez B. O. Eu pedi para ver o B. O., que eu mesma entregaria se ela quisesse para Feliciano, Bauer, Everaldo, etc., mas ela recuou, disse que não fez. Comecei a questionar o que ela foi fazer com Bauer então, ela disse que foi negociar. Queria que ele resolvesse a situação dela no partido, que limpasse a barra dela com o tal namorado de Curitiba, que punisse o Feliciano que a tinha difamado e abusado dela”, frisou.
Delegada
A essa altura, Patrícia Lélis disse a Marisa que a delegada que a teria recebido a teria orientado a não registrar o caso e tentar resolvê-lo por vias alternativas.
“Comecei a questioná-la do porquê não ter registrado queixa de abuso, porque não ter feito o B. O., ela disse que a delegada que a atendeu argumentou que repensasse, pois a repercussão seria muito grande e negativa para ambos, e que ela pensasse se valia a pena. Achei estranho, questionei isso, falei ser falta de ética uma delegada não querer aceitar uma queixa e mandar a ‘vítima’ embora. Ela me falou que a delegada (que ela chamou de Gisele da delegacia Asa Norte) disse que ela que teria de decidir fazer o B. O. ou não, e assim ela havia decidido não fazer, por enquanto”, pontuou Marisa Lobo.
“Vi com estranheza uma delegada ter esta postura, não entendia porque mais uma vez Patrícia Lélis havia mentido, pois ela mesma havia dito que os investigadores, na verdade, eram amigos. Não entendi porque mentia […] Questionei porque não levou as provas que dizia ter, e ela disse que tinha deixado sim tudo na delegacia. Fato este não confirmado, pois deixou com jornalistas e amigos”, acrescentou.
Pastor Everaldo
De acordo com os relatos de Patrícia a Marisa, Bauer teria prometido a ela que arranjaria um encontro com o pastor Everaldo, e que diante disso, “ela daria um tempo, não faria mais nada”.
“Me pediu o telefone do Everaldo, não dei, e ela me questionou se o Everaldo sabia e porque, estando ele ciente, não queria recebê-la, além de perguntar porque o Bauer não queria que ela falasse com ele. Dia 23 de junho (10:08) ela deixou a mensagem: ‘Me responda uma coisa, com sinceridade, o Everaldo sabe dessa história? Porque até onde entendi, o Bauer não quer deixar o Everaldo saber, o Bauer me pediu pra não procurar o Everaldo, que ele não precisa ficar sabendo’. Eu a questionei: ‘Porque você, se dizendo vítima de abuso, só se preocupa com coisas superficiais, politicas, vingança, e não em fazer justiça?’. Disse, entre outras coisas, que ela estava me usando, que eu a tratara com todo respeito, e pedi para não usar mais meu nome com ninguém”, afirmou Marisa Lobo.
Ainda na esteira dessa conversa, Marisa disse à estudante que “estava achando ela perigosa”, uma vez que tinha notado uma postura mais incisiva por parte dela. “Estava falando comigo com comunicação ardilosa, querendo que eu falasse algo do Feliciano, de outras pessoas, para usar contra ele, ou para me usar, e a aconselhei a se concentrar nas provas que dizia ter. Disse também que falar sobre a vida pessoal dele ou de qualquer pessoa nada tinha a ver com o caso, que deveria se concentrar no que ele fez (ou seja, que ela dizia que ele teria feito). Ela se irritou […] e eu reforcei que se tinha provas, ela deveria ir à delegacia, que isso era o certo, ou deveria se calar pois estava se expondo demais e expondo pessoas”, disse a palestrante, antes de acrescentar que Patrícia estava relutante em procurar a Polícia: “Ela disse que não queria ir à delegacia para não se expor, mas se o Everaldo não fizesse o que ela queria, iria sim. Inclusive repetiu por duas vezes durante as conversas que a esquerda ia adorar esta história, e citou o PT, o PCdoB e o PSOL”.
Por fim, no dia 24 de junho, Marisa disse que pediu a Patrícia que não voltasse a fazer contato: “Devido aos seus interesses políticos com a questão pedi que a mesma não me procurasse mais, pois já estava muito cansada de ficar refém de suas estórias. Ela inventou e mentiu muito, tentando me manipular, me fazer refém do suposto abuso, mas não a julgarei, não sou juíza do caso”, pontuou.
Confira os prints de trechos das conversas mantidas por Patrícia Lélis com Marisa Lobo:
Confira abaixo, a íntegra do extenso e detalhado relato de Marisa Lobo sobre seu contato com a estudante Patrícia Lélis:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Devido à grande repercussão das acusações da estudante de jornalismo Patricia Lélis, que acusa o deputado Marco Feliciano de “assédio sexual”, e por ter a acusadora citado meu nome em uma das gravações que fez para tentar provar o suposto abuso que diz ter sofrido, eu Marisa Lobo, venho a público como cidadã, esclarecer alguns pontos que creio serem importantes em respeito à sociedade, sanando alguns equívocos.
O primeiro deles é que não me manifestei antes por respeito às partes, e pela história não ser minha, não me achei no direito de expor pessoas, mas como fui citada pela Patrícia, e como o caso já está com a Justiça, venho me manifestar antes que me usem como fonte de intrigas, gerem celeumas na sociedade, ou álibi para uma das partes.
Fui procurada pela suposta vítima Patricia Lélis (entre os dias 18 a 24 de junho). Primeiramente fui procurada por ela, pelo WhatsApp, e a mesma disse que estaria em Curitiba e queria muito me ver, pois me admirava muito. Em decorrência de minha agenda de palestra, estava fora de Curitiba e não pude encontrá-la.
No dia 18 de junho ela iniciou uma conversa comigo no WhatsApp, dizendo que precisava do contato de um profeta pois “coisas horríveis” estavam acontecendo com ela. Não tinha o telefone, e em seguida ela me ligou dizendo que estava sofrendo perseguição dentro do partido que ela dizia pertencer, o PSC, que estavam inventando coisas horríveis lá dentro sobre ela.
Patrícia me contou que tinha um suposto namorado em Curitiba (Thiago), que estava orando por ele, que foi a Curitiba e que ao retornar o mesmo a estava rejeitando, e ela acusava pessoas do partido, que teriam falado coisas absurdas dela para ele. Pelo telefone contou-me que teria sofrido um abuso sexual de um deputado famoso, mas se negara a contar o nome, pois isso iria abalar todas as causas que defendemos. Me ligou novamente e contou por telefone que o envolvido seria o deputado Feliciano.
Contou que o mesmo a arrastou para o quarto e que a beijou, e me mandou um print, onde supostamente ela reclamava da boca e onde ele a mandava passar batom.
Ela começou a contar que queria mesmo que ele falasse com o Thiago e desfizesse o que integrantes do PSC tinham inventado dela, mas nunca falou o que era.
Não estava entendendo direito o assunto, se o deputado estava sendo acusado de intrigar seu namoro ou de supostamente abusar da moça, mas ela queria resolver os problemas deste “namoro” e limpar sua imagem perante o PSC, que segundo a mesma tinha sido suja pelo Feliciano, e por alguns integrantes do partido.
Embora se dissesse aflita, com a situação do suposto “abuso” e relatado mais detalhes do mesmo, mostrava mais interesse em resolver sua situação com o namorado e sua moral com o PSC, fato que narra várias vezes durantes todas nossas conversas.
No início fiquei apreensiva com a possibilidade do ocorrido por ser o suposto “agressor” uma pessoa conhecida, que faz parte das minhas relações de amigos de luta em favor da família, fato este pontuado insistentemente pela moça.
Esclareço que embora conheça o deputado, em nenhum momento fui procurada por ele para resolver qualquer questão, porém, a pedido dela, mandei uma mensagem no dia 22 perguntando sobre o namoro dela com o tal Thiago, se era verdade que ele havia difamado ela de alguma forma, e ele me disse “do que está falando?”. Então liguei e perguntei se ela estivera em seu apartamento alguma vez, ele me interrompeu e respondeu: “Não, nunca estive sozinho com essa moça em meu apartamento”.
Depois da negativa, deixei para ela mais ou menos a frase que o deputado me dissera, e desde este momento, ela começou a me procurar compulsivamente e reforçar que teria sido abusada por ele, me mandou mais prints falando que tivera um machucado na boca, enfim (não darei detalhes desses prints pois creio que já viram na mídia). Fiz alguns comentários, e algumas perguntas sobre o caso.
Durante nossa conversa, em todos os momentos – conforme ata notarial que fiz para apresentar em juízo se necessário – disse claramente para ela que fosse procurar a delegacia da mulher, porém que fosse com provas, e que os prints que me apresentava não provavam nada em minha opinião, e que se tivesse acontecido o abuso ela precisaria ter provas reais, já que não fez a denúncia instantaneamente e/ou corpo de delito; ou que pelo menos deveria ter indícios fortes.
No entanto ela argumentou que não era bem assim, que a palavra dela já bastaria, e que estava imaginando a repercussão negativa para ele e para toda a igreja. Contra argumentei que não precisa se preocupar com isso, por que a igreja não comungava com o erro, que ela poderia ir à delegacia e se provado, que a igreja não se escandalizaria, muito pelo contrário. “Deus nunca ocultou o pecado de Davi por causa do nome dele. Ele aqui não ocultaria também”, disse a ela.
Em dado momento, liguei para o Thiago a pedido dela, pois era o que mais a preocupava, ela insistia que eu tinha que contar para o Thiago o acontecido, e que o Feliciano havia estragado o relacionamento deles. Liguei, mas o Thiago disse que ela era inconstante, que mentiu muito para ele, arrumou confusão, que era obsessiva, e que não queria falar com ela em nenhum momento. Neste momento, ela concentrou seus esforços em desmascarar, como dizia, o Feliciano e todo o PSC.
Em todas as nossas conversas, a ouvi com respeito, com acolhimento, não a pressionei, mas aconselhei a ir à delegacia munida das provas que dizia ter, além dos prints que me enviara por WhatsApp. Porém, ela queria resolver de outra forma, procurando o PSC e foi então que me pediu para falar com Everaldo, presidente do PSC. Tentei, mas sem sucesso, pedi para um deputado amigo, porém, ele não falou, pois assim como eu, não entendia porque a moça em questão queria falar com o presidente do partido e não ir à delegacia, já que dizia ter sofrido abuso, que é crime e não política.
Patrícia, no entanto, disse que iria falar com Everaldo de qualquer maneira, eu a orientei então que se fosse falar, dissesse que eu já sabia do assunto, que ela havia falado comigo. Disse isso para no caso dela estar sendo coagida, intimidada de alguma forma (como dizia), que eles soubessem que ela estava sendo ouvida por mim, já que minha relação com toda a diretoria nacional do PSC, embora não faça mais parte do partido, é muito respeitosa. Mas este encontro até então não acontecera.
No dia 22 de junho (1:07 AM) ela me chamou, falou algumas coisas, mesmo sendo madrugada, estava acordada. Com paciência, dei atenção e perguntei se ela havia falado com Everaldo, ela me respondeu que “não, não falarei, ele com certeza sabe o que acontece lá dentro, e se eu falar, será com advogados ao lado”.
Horas se passaram, Patrícia dizia estar tentando captar provas, conversando com outras pessoas – das quais não tenho conhecimento – tentando falar com Feliciano por um aplicativo (Telegram), tentando fazê-lo se contradizer, ou deslizar em alguma resposta, gravando tudo o que falava. Me dizia estar acompanhada por amigos todas as vezes que tentava falar com ele, e dizia estar brava porque ele a bloqueou.
Eu, na minha função, a aconselhei a tomar cuidado e não falar com ninguém sozinha, por dois motivos: para ter testemunhas, evitando assim ser assediada por alguém ou para que, se tivesse tentando produzir provas falsas, teria testemunhas igualmente, já que eu não estava lá para saber da veracidade dos fatos.
Neste dia foi muito estressante para mim porque ela ficou obcecada em encontrar as tais provas, e no afã de conseguir uma fala do deputado ou de alguém que o comprometesse, começou a falar da vida pessoal de outras pessoas, e comecei a entender, pelos comentários em face, que ela já havia falado com muitas pessoas antes de mim, com grupos de militância de direita, e que essas pessoas já a tinham aconselhado a procurar uma delegacia com provas. Mas, por algum motivo, Patrícia oscilava entre ir à delegacia e ameaçar procurar o PT ou PSOL se o PSC não resolvesse seu problema.
Dizia ela que suas prioridades eram punir o Feliciano no partido, falar com o Thiago, fazer ela voltar ao partido com alguma função superior à que supostamente tinha, e que limpassem sua moral dentro do partido.
Dia 22 de junho (9:50 PM) pelo Whatsapp mandei uma mensagem ao presidente do PSC perguntei se ele sabia do acontecido com uma moça do PSC. A resposta foi: “não sei do que se trata…”. Não entrei em detalhes (pois para mim era constrangedor) e fiquei em silêncio.
Em uma das mensagens no mesmo dia 22 de junho, exatamente às 9:51 AM, ela falou o seguinte: “Marisa, sei de pessoas de pessoas do PT e PSOL que amariam saber dessa história, cansei de tudo, levarei à delegacia, e nesses partidos, nem que para isso eu mude completamente meu discurso a partir de agora”. Às 10:00 AM, ela reiterou: “Marisa, já tomei minha decisão, saindo da delegacia, vou direto pra dentro do PT”.
Comecei a perceber uma complexidade e contradição, chantagem e obsessão em suas falas, porém mesmo assim, em respeito à mesma não dizia da minha desconfiança, pois estava em uma situação delicada.
Entretanto a conversa foi ficando mais surreal, quando me contou que uma moça da UNE a estava procurando para falar com ela sobre o caso. Ela falava comigo como se eu tivesse a obrigação de ajudá-la, de denunciá-lo ao partido. Foi quando disse que não tinha este poder, que não era problema meu, que não estava lá, mas que no dia 28 de junho iria para Brasília e quem sabe não poderia ouvi-la pessoalmente, como psicóloga, e ajudá-la de alguma forma. Porém, não deu certo a viagem e disse que não iria mais, fato que deixou Patrícia inconformada, a ponto de questionar se eu estava recuando em ajudá-la. Percebi naquele momento que Patrícia estava me fazendo refém daquela situação.
Esclareço, que até este momento de nossas conversas, mesmo não tendo prova de nada do que a Patrícia me dizia além de sua palavra e dos prints, ainda assim fui receptiva, sem juízo de valor. Fiquei ao lado dela, a ouvi, mantendo total respeito e discrição quanto às suas falas. Não me sentia no direito de duvidar de suas palavras, a ajudei falar com mais umas duas pessoas, a seu pedido, mais uma vez, e a questionava sobre o fato do abuso ter se tornado secundário na sua busca pela resolução de seus problemas.
A conversa foi ficando mais estranha quando Patrícia disse que o assessor do Feliciano, o Bauer, telefonou para ela e marcou encontro em um café, e que ela iria gravar toda a conversa, e levar testemunha, porém disse que tinha ido antes à delegacia, feito B. O., conversado com a delegada e que a mesma mandou dois investigadores irem com ela. E depois desmentiu. Já era dia 23 de junho.
Após a conversa com Bauer no Café, Patrícia me contou que gravou. Pedi então para ver a gravação, ela não quis me mostrar e disse que fez B. O. Eu pedi para ver o B. O., que eu mesma entregaria se ela quisesse para Feliciano, Bauer, Everaldo, etc., mas ela recuou, disse que não fez.
Comecei a questionar o que ela foi fazer com Bauer então, ela disse que foi negociar. Queria que ele resolvesse a situação dela no partido, que limpasse a barra dela com o tal namorado de Curitiba, que punisse o Feliciano que a tinha difamado e abusado dela.
Neste momento, comecei a questioná-la do porquê não ter registrado queixa de abuso, porque não ter feito o B. O., ela disse que a delegada que a atendeu argumentou que repensasse, pois a repercussão seria muito grande e negativa para ambos, e que ela pensasse se valia a pena. Achei estranho, questionei isso, falei ser falta de ética uma delegada não querer aceitar uma queixa e mandar a “vítima” embora. Ela me falou que a delegada (que ela chamou de Gisele da delegacia Asa Norte) disse que ela que teria de decidir fazer o B. O. ou não, e assim ela havia decidido não fazer, por enquanto.
Vi com estranheza uma delegada ter esta postura, não entendia porque mais uma vez Patrícia Lélis havia mentido, pois ela mesma havia dito que os investigadores, na verdade, eram amigos. Não entendi porque mentia. Ela tirou uma foto da placa do carro em que Bauer estava mandou para algumas pessoas, inclusive para mim.
Questionei porque não levou as provas que dizia ter, e ela disse que tinha deixado sim tudo na delegacia. Fato este não confirmado, pois deixou com jornalistas e amigos para serem publicados posteriormente, mas eram os mesmos prints que já havia entregue à imprensa.
Perguntei o que havia falado com Bauer, se estava tudo bem, ela me disse que ele prometera que falaria com o Everaldo, e sendo assim, ela daria um tempo, não faria mais nada. Me pediu o telefone do Everaldo, não dei, e ela me questionou se o Everaldo sabia e porque, estando ele ciente, não queria recebê-la, além de perguntar porque o Bauer não queria que ela falasse com ele.
Dia 23 de junho (10:08) ela deixou a mensagem: “Me responda uma coisa, com sinceridade, o Everaldo sabe dessa história? Porque até onde entendi, o Bauer não quer deixar o Everaldo saber, o Bauer me pediu pra não procurar o Everaldo, que ele não precisa ficar sabendo”.
Eu a questionei: “Porque você, se dizendo vítima de abuso, só se preocupa com coisas superficiais, politicas, vingança, e não em fazer justiça?”. Disse entre outras coisas que ela estava me usando, que eu a tratara com todo respeito, e pedi para não usar mais meu nome com ninguém.
Perguntei se ela estava “printando” também nossa conversa, ela negou, pediu desculpas, eu falei que estava achando ela perigosa, pois estava falando comigo com comunicação ardilosa, querendo que eu falasse algo do Feliciano, de outras pessoas, para usar contra ele, ou para me usar, e a aconselhei a se concentrar nas provas que dizia ter. Disse também que falar sobre a vida pessoal dele ou de qualquer pessoa nada tinha a ver com o caso, que deveria se concentrar no que ele fez (ou seja, que ela dizia que ele teria feito). Ela se irritou fez um texto se defendendo, dizendo que me respeitava, que gostava de mim, e eu reforcei que se tinha provas, ela deveria ir à delegacia, que isso era o certo, ou deveria se calar pois estava se expondo demais e expondo pessoas.
Ela disse que não queria ir à delegacia para não se expor, mas se o Everaldo não fizesse o que ela queria, iria sim. Inclusive repetiu por duas vezes durante as conversas que a esquerda ia adorar esta história, e citou o PT, o PCdoB e o PSOL.
Devido aos seus interesses políticos com a questão pedi que a mesma não me procurasse mais, pois já estava muito cansada de ficar refém de suas estórias. Ela inventou e mentiu muito, tentando me manipular, me fazer refém do suposto abuso, mas não a julgarei, não sou juíza do caso.
Não posso ser usada para “produzir” provas contra qualquer pessoa que seja, em qualquer situação. Ainda que seja um suposto abuso ainda não provado, as pessoas têm que ser condenadas pelo que fazem, não pelo que dizem que elas fazem.
Não entendo como essa moça (que vi apenas umas três vezes em minha vida) pode ignorar o respeito e o carinho com que foi acolhida por mim. Não me pronunciei antes, pois a história não era minha, mas como ela mesma citou meu nome, sem consentimento, tentando manipular uma situação para se vitimar, ou criar uma nova versão para os fatos, e temendo que a mesma comprometa pessoas que em nada tem a ver com suas estórias, achei por bem deixar claro, diante de Deus e dos homens, a verdade sobre minhas conversas com Patrícia Lélis – que terminaram no dia 24 de julho.
Dúvidas sobre o que relatei posso esclarecer em juízo, no Senado, na Câmara, na Comissão de Mulheres, Direitos Humanos, na Delegacia, para advogados de ambas as partes, onde precisar, pois quem fala a verdade é constante e não usa pessoas ou política para se respaldar, usa lei e não a mídia para confundir os fatos, e sim para dar visibilidade honesta dos fatos verdadeiros.
Afirmo que não fui procurada em momento algum (enquanto falava com Patrícia) pelo deputado Marco Feliciano, e que nunca fui sequer sondada para falar com a suposta vítima sobre o suposto abuso, em nenhum sentido. Eu sim, o procurei, como já relatei, a pedido da Patrícia Lélis.
Deixo claro que sou cristã e como tal não posso acobertar qualquer crime, portanto jamais ficaria ao lado de um abusador se provado, mas não posso, no entanto, discriminar uma pessoa que está apenas sendo acusado sem as devidas condenações.
Também afirmo a quem possa interessar que sou de direita sim e que questões de violência contra mulher ou abuso devem ser tratadas com total consciência e respeito aos envolvidos, bem como que, nenhuma vítima tem o direito de usar um fato desses, em minha opinião tão cruel, para promoção pessoal, desqualificando as lutas de nós mulheres por direitos.
Ninguém tem o direito de inventar, promover uma denúncia falsa sobre abuso. São atitudes que repudio. Nenhum ser humano de bem deve compactuar ou temer em denunciar.
Fiz meu papel, ouvi, acolhi, ofereci minha ajuda dentro das minhas possibilidades, fiz o que a lei manda: aconselhei-a a buscar uma delegacia e não usar politicamente o que dizia ter lhe acontecido, pois achava desonesto. Estive durante 06 dias à disposição dessa moça e não admitirei ser usada ou difamada pela mesma, ou por qualquer um, podendo tomar medidas judiciais contra qualquer jornalista que ousar inventar, acrescentar, algo que não contenha nas minhas falas, bem como peço que jornalistas, e as partes, não induzam suas convicções e não adicionem fatos inexistentes nesta história que virou “estória” dos piores folhetins.
Cuidei em liberar alguns prints justamente para garantir a fidelidade dos fatos.
Que apareçam as mulheres que Patrícia diz que sofreram violência do deputado, mas ela não tem direito de envolver pessoas para respaldar as suas supostas denúncias. Não citei mais detalhes de nossas conversas, por ser ilegal, afinal expõem terceiros. Esclareço que Patrícia, envolveu intimidade de pessoas que nada tem a ver com o seu caso, com sua história do suposto abuso, e por orientação do meu advogado e para protegê-las, não citarei.
Porém, se ela citar, essas pessoas já estão conscientes e irão imediatamente registrar B. Os. em delegacias contra esta moça, movendo ações de calúnia e difamação, de crime contra a honra, e dano moral. A lei é para todos. Confesso, causou-me estranheza muitos pontos, inclusive a aproximação de Patrícia com a esquerda, como ela diz (que a mesma dizia repudiar), e lembrei das ameaças que fez em promover escândalos com a esquerda.
Peço a DEUS que tudo seja esclarecido, pois é fato que muitos homens depois de destruídos na mídia, na sociedade, e muitas vezes presos, são inocentados, e a mesma mídia que o destruiu com suposições, não volta para desfazer o erro. Temos que repensar sobre nossos valores. Por estas razões mantive silêncio, mas volto a dizer: a suposta vítima não fez questão de preservar o meu nome, e está indo a jornais usando nossas falas para tentar incriminar pessoas, manipulando inclusive dados. Me vi obrigada a esclarecer a verdade.
Vamos esperar que a Justiça resolva este caso, mas sabemos que vidas já foram marcadas negativamente, tanto de Patrícia, quanto do pastor e deputado Feliciano. Quando a justiça vir à tona, que saibamos divulgar a inocência como estamos divulgando as acusações, seja de quem for.
Deus abençoe e nos livre de todo mal.
Marisa Lobo, psicóloga e cristã.