A chamada “teologia feminista” tem se popularizado entre alguns grupos de mulheres que se identificam com os ideais da agenda esquerdista, entre eles a defesa da descriminalização do aborto e a promoção da agenda de gênero, a qual inclui também a legalização do “casamento homossexual”.
Encabeçando um dos principais movimentos alinhados com essa perspectiva está a ex-freira Maria José Rosado, também conhecida como a “Zeca”. Ela é considerada uma das principais vozes entre católicas e evangélicas que se articulam para reinterpretar a Bíblia Sagrada e promover suas pautas.
Antes de partir para a militância político-ideológica, Zeca, hoje com 75 anos, foi inspirada pelo movimento Catholics for Choice, uma organização formada por católicas nos Estados Unidos que defende a legalização do aborto. Foi daí que ela teve a iniciativa de criar no Brasil a ONG “Católicas pelo Direito de Decidir” (CDD).
A principal pauta da CDD é justamente a descriminalização do aborto. Para Zeca, a morte de bebês no útero materno, por escolha da mulher, não se trata de algo que diz respeito – também – aos homens, mas exclusivamente à mulher.
Isso também envolve a vida religiosa, uma vez que na visão da ex-freira, agora feminista, “você vai num templo e encontra homens que ditam as regras e normas e estabelecem uma compreensão e disciplina”. Ou seja, ela sugere que as mulheres precisam reinterpretar até mesmo a Bíblia, já que os autores dos seus livros também foram homens.
Do lado evangélico o alinhamento ideológico com o feminismo não é tão diferente. Para a teóloga e doutora em Educação Valéria Cristina Vilhena, “os homens decidiam sobre as nossas espiritualidades, corpos e vidas”. Ela ecoa o mesmo raciocínio do grupo Frente Evangélica pela Legalização do Aborto, criado pela também evangélica Camila Mantovani.
“O campo religioso é muito diverso no Brasil. Tem pessoas que concordam com a descriminalização do aborto, sim”, afirmou Mantovai, segundo a Universa. A narrativa da jovem de 24 anos expressa a mesma narrativa influenciável que marca a essência do pensamento feminista dentro da teologia cristã.
“A Bíblia foi apropriada pelos homens para nos oprimir. O papel da teologia feminista é compreender a nossa espiritualidade a partir do contexto feminino. Isso é possível, pois a Bíblia está lotada de histórias de mulheres”, disse ela.
Divergência
Por outro lado, apesar de haver um claro movimento no meio religioso católico e evangélico em defesa do aborto, é cada vez maior o número de representantes femininas que se levantam contra a teologia feminista.
Em seu livro Feminismo. Perversão e Subversão, por exemplo, a historiadora e deputada estadual de Santa Catarina Ana Caroline Campagnolo, cristã, apresenta em um panorama histórico as diferentes fases do feminismo, explicando sua evolução e principais aspectos ideológicos.
“Qualquer pesquisa científica ou livro que vá contra os interesses das feministas é boicotado por elas. O movimento de revolução sexual é um movimento autoritário, totalitário, antidemocrático, e antinatural. Ele nega a natureza masculina e feminina”, afirmou a historiadora em uma entrevista para o Uol.
“A nossa civilização ocidental foi construída sobre três pilares: direito romano, filosofia grega e moral judaico-cristã. O feminismo é uma afronta clara a um desses pilares: a moral judaico-cristã”, completou Campagnolo.
Assista abaixo um vídeo da historiadora: