Um grupo de 12 evangélicas de orientação progressista criou a Frente Evangélica pela Legalização do Aborto (FELA), com o propósito de difundir as razões pelas quais entendem que o abordo deve ser descriminalizado.
Com base no Rio de Janeiro, as feministas evangélicas fundadoras do FELA vem tentando recrutar simpatizantes em estados como São Paulo, Minas Gerais e Bahia.
Numa entrevista ao blog Outras Palavras, da revista VICE, uma das integrantes do grupo – identificada apenas como Camila, 23 anos – fez críticas ferrenhas à postura da bancada evangélica no Congresso, em oposição à descriminalização do aborto.
A ativista pró-aborto se vale do vocabulário comum aos movimentos de esquerda ao classificar os políticos evangélicos conservadores como “fascistas” e “opressores”. “A nossa avaliação da bancada parlamentar evangélica sobre qualquer pauta, que dirá na pauta de opressões, é que eles são um escárnio pra igreja evangélica brasileira”, declarou Camila.
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O pastor Silas Malafaia, uma das principais vozes no meio pentecostal, foi criticado por Camila: “O posicionamento dele é o posicionamento de sempre: ódio. O discurso dele está fundamentado em uma leitura violenta e opressora da Bíblia. Ele é um desses grandes pastores midiáticos que pregam com base nos próprios interesses”, afirmou.
Sem revelar a qual denominação pertence, Camila destacou que sua igreja é apoiadora da ação do PSOL no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a legalização do aborto: “Na minha comunidade, por exemplo, não existe qualquer resistência. Aliás, minha igreja é uma das que hoje assina como Amicus Curiae [termo referente a entidades que possuam interesse em uma questão jurídica] da ADPF 442”.
Camila considera que a posição conservadora no meio evangélico é fruto de um grupo de liderança hegemônico e “extremamente autoritário”, que desconsidera posicionamentos políticos e teológicos diferentes do senso comum, e que para isso o FELA vai trabalhar no fomento ao debate em torno do aborto, como um direito humano e “à luz de uma teologia não patriarcal e arcaica”.