A mobilização da sociedade, em especial da população cristã, contra a legalização forçada do aborto através da ADPF 442 no Supremo Tribunal Federal, vem motivando algumas lideranças evangélicas a se posicionarem sobre o tema, e o reverendo Augustus Nicodemus abordou o assunto em uma publicação no Instagram.
Nicodemus aproveitou a oportunidade para desfazer, através da apresentação de contexto, a falácia usada por uma ala da militância progressista que se declara cristã de que a Bíblia Sagrada não aborda o tema.
“Para os cristãos comprometidos com a Palavra de Deus, o aborto é um assunto particularmente delicado. Embora a Bíblia não contenha um mandamento direto como ‘Não abortarás’, isso se deve ao fato de que na mentalidade israelita antiga, o aborto era impensável”, introduziu.
A contextualização do período e cultura em que o Antigo Testamento foi revelado é indispensável para a compreensão da forma como o povo hebreu olhava para esse assunto: “As crianças eram vistas como um presente de Deus, e a gravidez era considerada uma bênção divina. Não ter filhos era considerado uma maldição. A proibição genérica ‘Não matarás’ abrangia essa questão”.
“No entanto, os tempos mudaram, e a sociedade moderna muitas vezes vê os filhos como obstáculos para a realização pessoal, financeira e social. A igreja deve continuar a se guiar pela Palavra de Deus, que valoriza a vida”, acrescentou o pastor presbiteriano.
Sobre “a humanidade do feto”, Nicodemus lembrou que grande parte do “debate sobre o aborto gira em torno da questão de quando o embrião/feto se torna um ser humano com direito à vida”, o que envolve não apenas questões religiosas, mas também científicas.
“Alguns argumentam que isso ocorre apenas após um certo período de gestação, enquanto outros defendem que a vida começa na concepção, entre esses, biólogos, geneticistas e médicos. As Escrituras também confirmam que Deus considera sagrada a vida das crianças não nascidas. Apesar de algumas passagens serem difíceis de interpretar, a Bíblia ensina que o corpo, a vida e as faculdades morais do homem têm origem na concepção”, sublinhou.
O cristianismo, dessa forma, tem em seu alicerce “a santidade da vida” como um alicerce da sua mensagem e prática: “A sociedade muitas vezes não reconhece a santidade da vida. Substituem o valor da vida humana por fatores utilitários e egoístas, como conveniência pessoal e financeira. A igreja deve manter o conceito de que o ser humano é feito à imagem de Deus e possui uma alma imortal, distinta de todas as outras formas de vida. A vida humana não deve ser determinada por fatores sociológicos e financeiros, mas sim pelo valor intrínseco que possui”.
Nicodemus reiterou seu já conhecido posicionamento contra o aborto: “Diante de situações complexas como a gravidez de risco e o estupro, a solução sempre deve ser a favor da vida”.
“A igreja deve oferecer orientação, apoio e compaixão aos que enfrentam dilemas tão difíceis. Condenação não substitui a necessidade de apoio e acompanhamento. A dor e o sofrimento das vítimas de estupro não serão resolvidos através do aborto. É importante que a Igreja esteja presente para auxiliar e orientar em momentos tão desafiadores”, finalizou o pastor.
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