A cantora chinesa GEM, famosa em seu país, se declarou cristã e lançou este ano um álbum de músicas inspiradas em passagens bíblicas, mesmo diante de toda a repressão exercida pelo governo comunista da China.
GEM – que se chama Deng Ziqi – é considerada “a Taylor Swift da China” e ficou famosa em 2014, quando participou de um reality show de música chamado I Am a Singer. Desde então, fez carreira no segmento C-Pop e acumula mais de 200 milhões de visualizações só no YouTube.
No início de agosto, GEM lançou o álbum “Revelation”, que traz 14 canções falando sobre a fé cristã, baseadas em sua jornada desde a conversão e também em passagens bíblicas.
Numa entrevista recente, a cantora de 31 anos esclareceu que as primeiras sete faixas do disco são uma conversa com Deus e as últimas músicas são a resposta a essas orações.
Uma das principais músicas do álbum, Gloria, traz no clipe cenas da cantora em um cenário apocalíptico e já soma 3 milhões de visualizações. Ao longo do vídeo, ela caminha por uma área desértica onde encontra as ruínas de uma igreja. Desesperada, ela ora diante de um mar e as águas se abrem, como no êxodo do povo hebreu.
Quando o caminho através das águas se abre, uma porta surge e de dentro dela irradia luz que traz cura à cantora. Segundo GEM, a letra fala sobre a descoberta da fé em meio ao ceticismo e incredulidade.
De acordo com informações do portal Faithwire, a letra de Gloria se vale de termos bíblicos, incentivando os ouvintes a não terem medo, porque “não há medo no amor” e “o amor nunca falha”.
“Neste mundo onde o amor é extremamente necessário, confio que posso fazer o meu melhor para criar obras que façam as pessoas mais uma vez verem o amor, acreditarem no amor e voltarem a amar. Portanto, não importa quantos contratempos existam no caminho, desde que eu possa supera-los”, declarou GEM.
Monitorada
Diante de sua postura franca a respeito da fé cristã, que tem sido censurada pelo Partido Comunista da China (PCCh), GEM entrou para a lista de “pessoas controladas” das autoridades.
Esse monitoramento se deve, também, por sua manifestação contrária à intervenção chinesa em Hong Kong, defendendo a democracia no país. A população local realizou diversos protestos, mas a repressão aumentou, e até lideranças cristãs passaram a sofrer processos como forma de intimidação.
A China hoje ocupa o 17º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2022 elaborada pela Missão Portas Abertas, que monitora a hostilidade aos cristãos ao redor do mundo.
“A vigilância na China está entre as mais opressivas e sofisticadas do mundo. A frequência à igreja é rigorosamente monitorada e muitas igrejas estão sendo fechadas – sejam elas independentes ou pertençam ao Movimento Patriótico das Três Autonomias”, a igreja protestante oficialmente sancionada – e controlada – pelo governo chinês, resume a Portas Abertas.