A repressão do Partido Comunista da China (PCCh) às igrejas segue em ritmo preocupante, com novos relatos de congregações invadidas e líderes cristãos sendo presos sob falsas acusações.
A entidade International Christian Concern (ICC) enumerou alguns casos recentes, demonstrando o modus operandi de constrangimento utilizado pelas autoridades chinesas.
Um dos casos é o do pastor Lian Chang-Nian, sua esposa Guo Jiuju, seu filho (e também pastor) Lian Xuliang, sua nora Zhang Jun e o neto de 9 anos. Eles foram levados para a delegacia de polícia de Shilipu depois que suas casas foram invadidas.
Além deles, o pregador Fu Juan e a fiel Xing Aiping, da Igreja Abundante de Xi’na, também foram detidos sob a justificativa de que eles teriam praticado “crimes” como reunião ilegal, em local ilegal, com coleta ilegal de fundos.
Os adultos foram algemados e levados à igreja para uma sessão de fotos encenada, de acordo com as informações da ICC. Um membro da igreja que testemunhou o processo disse que o pastor Lian Xuliang teve vários ferimentos na cabeça e nos braços, devido à brutalidade dos policiais.
As mulheres foram libertadas, enquanto o pregador Fu está desaparecido e os pastores – pai e filho – são mantidos sob vigilância em um local designado na província de Shaanxi por “fraude”.
A perseguição também alcançou 70 membros da Linfen Igreja da Santa Aliança
na província de Shanxi. No dia 19 de agosto, por volta das 19h, eles estavam participando de um acampamento ao ar livre, quando 170 policiais invadiram o local e levaram os funcionários da igreja, Li Jie e Han Xiaodong.
Todos foram revistados, tiveram seus celulares confiscados e foram levados pela polícia, que também vasculhou as casas de Li e Han, levando documentos e livros. Li Jie, sua esposa Li Shanshan e Han desapareceram após o ataque. Outro membro da igreja, Hou Guobao, também foi levado.
Outras igrejas
No mesmo dia, os familiares de cristãos de etnia Nu receberam mandados de prisão de Nu Wang Shunping e Nu Sangdeng. Ambos foram levados pela polícia por “supostamente organizar e patrocinar reuniões ilegais” no condado de Fugong, na província de Nujiang.
O irmão San Luopo e duas mulheres cristãs de fora da cidade também foram detidos, mesmo sem a emissão de nenhum documento oficial, o que indica que o abuso de autoridade é uma das formas de perseguição mais comuns aos cristãos no país.
Em 21 de agosto, a Igreja House of Light em Changchun, na província de Jilin, foi invadida pela polícia durante o culto de domingo. O pastor Zhang Yong (também conhecido como Guo Muyun), o ancião Qu Hongliang e o irmão Zhang Liangliang foram presos, enquanto os fiéis foram obrigados a deixarem o templo.
Devido à natureza violenta do ataque, duas cristãs sofreram ataques cardíacos e foram levadas ao hospital em estado de emergência. Os irmãos detidos foram liberados na madrugada do dia seguinte, embora haja denúncias de que os homens foram espancados na prisão.
“O regime de Xi Jinping teme muitas coisas; uma coisa são pessoas com crenças religiosas”, comentou Gina Goh, representante da ICC para assuntos envolvendo o Sudeste Asiático.
“Eles querem garantir que os cidadãos chineses sejam leais à ideologia do PCCh e nada mais. Esse medo se traduz em repressão da igreja, ‘campos de reeducação’ para [muçulmanos da etnia] uigure e demolição de estátuas budistas. As igrejas domésticas estão se preparando para potencialmente a pior repressão desde a Revolução Cultural”, finalizou Gina Goh.