A pastora Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, foi tema de uma reportagem especial do Fantástico, que a descreveu como uma mulher que até aqui, “chamou atenção pela capacidade de criar polêmicas”.
A reportagem da TV Globo fez uma descrição da história de vida de Damares Alves em linha cronológica, contando sua origem, a dedicação às causas sociais como voluntária e sua trajetória até Brasília, onde foi assessora parlamentar e agora é ministra.
As falas de Damares no contexto de fé, incluindo seu relato sobre a visão de Jesus que teve em um pé de goiaba quando estava prestes a cometer suicídio, foram apontadas pela matéria como “inflamadas”. Antigos amigos foram entrevistados, também, destacando que sua conduta é sempre marcada por uma dedicação apaixonada pelo que faz. “Ela é muito coração”, disse uma advogada que é amiga pessoal da pastora.
As polêmicas sobre a crítica de Damares Alves à hegemonia da teoria da evolução, por exemplo, foram apontadas pelo Fantástico como uma espécie de delírio, pois no argumento da matéria, essa tese é “mundialmente aceita”, sem destacar, no entanto, as divergências sobre a evolução que existem no próprio meio científico em relação às bases dessa teoria.
Azul e Rosa
A declaração de Damares Alves após sua posse no ministério, dizendo que “começou uma nova era no Brasil” em que “menino veste azul e menina veste rosa”, uma clara figura de linguagem para um conceito de que, no governo Bolsonaro, a ideologia de gênero não será endossada pelo Estado, também foi mencionada na reportagem, mas de forma menos aprofundada.
Uma das polêmicas decorrentes dessa declaração foi o entrevero que a ministra se envolveu em uma loja de Brasília, quando o vendedor Thiego Amorim, 34 anos, decidiu alfinetar a ministra ao vê-la vestida de azul e questionar se ela seria menino.
“Eu falei ‘vem cá, que história é essa de menino ter que usar azul e menina ter que usar rosa?’. Aí ela se aproxima de mim, põe a mão em cima do meu pescoço, sabe? Como se fosse um ato de ‘escuta aqui’. E disse ‘eu vou acabar com a ideologia de gênero nas escolas brasileiras'”, relatou Amorim.
O vendedor entrou com uma representação contra Damares Alves na Procuradoria Geral da República, acusando-a de agressão. No entanto, a loja onde o vendedor trabalha se manifestou após analisar as imagens do circuito interno de segurança e afirmou que não houve agressão da ministra contra Amorim.
“Gostaríamos de pedir desculpas pelo atendimento inadequado de um de nossos funcionários da loja localizada no Brasília Shopping no último dia 02.01.2019, reconhecemos que não houve por parte de V.Sa. qualquer tipo de agressão no interior da loja”, diz a nota. “Reforçamos aqui nossa constante preocupação em oferecer um atendimento respeitoso que preza pela gentileza, simpatia e educação com todos os nossos clientes. Esclarecemos ainda que o ocorrido está sendo usado como uma oportunidade para reiterar, ainda mais, nossos valores com todos os funcionários e garantir que situações como essa não voltem a acontecer”.
O advogado Suenilson Sá, representante do vendedor, discorda dessa versão apresentada em nota, dizendo que as imagens podem comprovar a suposta agressão, incluindo um tapa desferido por Damares na mão de Amorim.
Entretanto, a dona da loja Carolina Puga, garantiu ao jornal O Globo que analisou os fatos e o vídeo da câmera de segurança, em conjunto com o departamento jurídico da loja, e não constatou agressão: “Apurei e procurei ouvir todas as versões. No vídeo, não teve tapa nenhum, não teve pegar no pescoço. Ela pegou no ombro dele, e depois até desceu a mão pelas costas dele e saiu. Nós demitimos só em último caso, nosso posicionamento é primeiro conversar e pedir que o comportamento seja diferente”, afirmou, acrescentando que sua empresa é “apartidária” e “preza pelo respeito acima de tudo”.
Confira a íntegra da reportagem do Fantástico: