As tensões entre Israel e Irã continuam atraindo atenções para a chance real de uma guerra na região. Após a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sair do acordo internacional sobre uso de energia nuclear pelo país muçulmano, houve disparos de mísseis contra Israel, e retaliação com bombardeios de alvos iranianos na Síria.
A animosidade entre os dois países é antiga, com reiteradas ameaças do Irã de “varrer Israel do mapa”, o que só seria possível com o uso de bombas nucleares. Essa semana, Donald Trump cumpriu mais uma de suas promessas de campanha ao retirar os EUA do acordo nuclear que permitia à República Islâmica do Irã desenvolver a tecnologia nuclear.
A justificativa do mandatário é que os termos foram muito mal negociados por seu antecessor, Barack Obama, e que o acordo permitia que o Irã ficasse a apenas um passo da criação de bombas nucleares. Como medida prática, a decisão veio acompanhada de uma sanção econômica e uma promessa de ampliação das medidas aos países que ampliarem as relações com o Irã.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, comentou a postura de Trump classificando a medida de “decisão corajosa”, e acusando o Irã de mentir sobre seu programa de armas nucleares: “O acordo teria permitido ao Irã enriquecer urânio suficiente para todo um arsenal de bombas nucleares”, disse o israelense.
Reação
Em resposta, as forças iranianas na Síria dispararam vários mísseis contra as Colinas de Golan na última quinta-feira, 10 de maio, o que alarmou as autoridades israelenses e obrigou a tomada de uma medida de resposta. Imediatamente o assunto repercutiu internacionalmente.
Segundo informações da emissora Christian Broadcasting Network (CBN), o sistema de defesa anti-aérea de Israel, conhecido como Domo de Ferro, interceptou “alguns” dos projéteis, e os que não foram derrubados no ar causaram danos mínimos, sem vítimas israelenses.
Jonathan Conricus, tenente-coronel de Israel, afirmou que o Exército vê o incidente “com severidade”, e a resposta foi imediata, com disparo de mísseis contra a região da Síria de onde os projéteis iranianos foram lançados.
De acordo com a mídia estatal da Síria, a resposta de Israel foi numa escala amplamente superior aos disparos iranianos. O correspondente da emissora cristã CBN no Oriente Médio, Chris Mitchell, afirmou que essa situação marca o início de uma guerra entre Israel e os países árabes aliados do Irã: “Eles basicamente estão em guerra. É uma guerra de baixo grau neste momento e Israel supostamente atingiu alvos iranianos dentro da Síria várias vezes nas últimas semanas. Há rumores de guerra quase diários aqui nos jornais israelenses”, disse.
Mitchell afirmou também que o Irã vem tentando preencher o vácuo de poder dentro da Síria e estabelecer bases militares lá, mas vem esbarrando na postura “determinada” de Israel de impedir que o território sírio seja ocupado por um de seus mais fortes inimigos declarados: “Eles não querem bases militares iranianas em sua fronteira norte, por isso você ouve relatos de aviões israelenses atingindo a superfície para lançar mísseis iranianos dentro da Síria”, explicou.
A situação é tão incomum que transformou inimigos de Israel em “improváveis” aliados, mesmo que temporariamente, como a Arábia Saudita, Egito e os Estados do Golfo. “Existe uma relação secreta entre o Estado judeu e essas nações sunitas. Então, eles se vêem como uma frente unida contra um Irã que realmente quer dominar o Oriente Médio”, contextualizou o correspondente.
EUA e Israel
A postura dos Estados Unidos em relação ao princípio de conflito foi firme, com uma declaração quase que imediata do secretário de Estado Mike Pompeo, segundo informações do Times of Israel.
Pompeo comentou as “atividades desestabilizadoras e malignas” do Irã no Oriente Médio, dizendo que os EUA continuam acompanhando a situação atentamente: “Continuamos profundamente preocupados com a perigosa escalada de ameaças do Irã a Israel e à região, e a ambição do Irã de dominar o Oriente Médio continua”, afirmou. “Os Estados Unidos estão com Israel nessa luta”, acrescentou o secretário de Estado.
Com o compromisso público dos Estados Unidos de apoiar Israel diplomatica e militarmente no caso de uma guerra com o Irã, o ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, fez fortes advertências enquanto comentava a resposta israelense ao ataque iraniano realizado contra as colinas de Golan.
Israel atacou, segundo Lieberman, “quase toda a infraestrutura” do Irã na Síria, acertando instalações de inteligência, logística ou armazenamento. “Não devemos esquecer o ditado de que, se chover sobre nós, uma tempestade cairá sobre eles. Espero que este episódio esteja resolvido e que eles o tenham entendido”, concluiu.