Números confirmados pelo Vaticano durante um painel das Nações Unidas, em Genebra, na última sexta-feira, revelam que 384 sacerdotes foram excomungados da Igreja Católica em 2 anos por abusar sexualmente de crianças.
Segundo dados da Associated Press o Vaticano excomungou 260 sacerdotes em 2011 e 124 em 2012, após o escândalo que explodiu na Europa. Além disso, bispos têm encaminhado centenas de casos para o Vaticano.
Os números foram confirmados pelo Vaticano na sexta-feira, e foram baseadas nas estatísticas publicadas em seus livros anuais de referência. Especialistas sobre abuso sexual na Igreja Católica dizem que os números representam um aumento de anos anteriores, mas não são surpreendentes, dado o escândalo que se desdobrou em uma organização global com mais de 412 mil sacerdotes.
Em 2001, o cardeal Joseph Ratzinger, que se tornou o Papa Bento XVI em 2005, determinou que todos os casos de abuso fossem enviados ao seu escritório na Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma. Após escândalos de abuso sexual surgirem novamente nos Estados Unidos, em 2002, os bispos norte-americanos enviaram cerca de 700 casos de abuso para o Vaticano durante os próximos anos, afirmou Nicholas P. Cafardi, ex-reitor da Escola de Direito da Universidade de Duquesne, que escreveu um livro sobre a resposta da Igreja ao abuso sexual.
– Desde o escândalo americano, você teve casos expostos na Irlanda e na Austrália e em uma série de outros países. Os casos poderiam ser décadas atrás. É, certamente, um grande número, mas quando você olha a estrutura e o tempo envolvidos, é menos impressionante – afirmou.
Os casos de abuso por padres podem ser julgadas tanto na igreja como os tribunais civis. Porém a grande maioria dos casos não chega a ser processados por autoridades civis, muitas vezes porque estão fora do prazo de prescrição. Sob o direito canônico da Igreja, a excomunhão é a penalidade mais severa.
De acordo com o jornal The New York Times, a onda de sacerdotes excomungados mostra a resposta ao apelo daqueles que defendem as vítimas e pediram uma mudança na abordagem de décadas anteriores, quando os padres acusados de abuso eram rotineiramente transferidos para paróquias desavisados ou enviados para novas dioceses ou países.
Porém, nasce também um questionamento se a excomunhão por si só é o melhor método para proteger as crianças, pois aqueles sacerdotes que tenham sido destituídos por abuso infantil podem se mudar para locais onde ninguém sabe suas histórias.
Por Dan Martins, para o Gospel+