A onda de conflitos por liberdade democrática que está varrendo a ilha de Hong Kong está ganhando o apoio de igrejas cristãs. Líderes cristãos estão entendendo a importância do envolvimento com a causa pró-democracia e decidindo oferecer alguma forma de auxílio aos manifestantes, visando mediar o confronto com os policiais.
Um desses líderes é o pastor Roy Chan, que integra a equipe de voluntários do grupo chamado “Protect the Children” (“Proteja os Filhos”), juntamente com a sua congregação. O objetivo deles é impedir a existência de violência durante os confrontos entre manifestantes e policiais.
“Nós somos a Igreja da Boa Vizinhança. Durante este período [de protestos], a nossa igreja iniciou o projeto ‘Proteja os Filhos’. Nós usamos esses coletes amarelos e vamos a diferentes locais de protestos. Onde há conflito, nós tentamos mediar, seja entre cidadãos e manifestantes ou entre policiais e manifestantes”, disse ele para a BBC.
O pastor Chan entende que esse ato de doação e sacrifício pessoal em prol dos envolvidos no conflito é uma forma de demonstrar o amor de Deus por todos, independentemente do lado em que se encontram. Até mesmo pessoas não cristãs integram o movimento, porque foram atraídas pela causa nobre.
“Quando vemos uma situação injusta, nós temos que sair e proteger os mais jovens. Como cristão, isto é o que eu posso fazer pela sociedade e por Deus. Nossos membros são de diferentes setores da sociedade e nem todos são cristãos. São mães, pais, idosos, adolescentes, todos trabalhando juntos”, disse ele.
Em outra ocasião, segundo a CBN News, o pastor Chan disse acreditar que os conflitos por democracia na China também possuem um significado espiritual. “Acho que vejo a mão de Deus. Uma grande mão de amor”, disse ele.
O fato é que, independente do desfecho que o conflito terá em Hong Kong, a Igreja de Cristo tem dado o seu testemunho de amor, relevância social e compaixão por todos os envolvidos, tanto manifestantes como os agentes do governo, e isso tem atraído a atenção de muitos dentro e fora da China.
“Quando chegamos aos locais de protestos, nos separamos em grupos, com sete pessoas em cada grupo, formamos uma corrente humana e tentamos impedir que a polícia avance. Esse é o espírito do auto sacrifício: ‘Batam em mim, mas não batam nos garotos'”, destacou o pastor.
“Nós temos um princípio: queremos que cidadãos de Hong Kong não machuquem outros cidadãos de Hong Kong. Os policiais também são cidadãos de Hong Kong, eles também têm família. Nós oferecemos apoio a muita gente”, conclui.