A Igreja Batista da Lagoinha anunciou mais uma aquisição, dessa vez no Rio de Janeiro, no bairro do Leblon, considerado um dos metros quadrados mais caros do país. A compra foi de um antigo Teatro arrematado em leilão pelo valor de R$ 9 milhões.
O anúncio da compra do Teatro Leblon, porém, passou a ser retratado de forma preconceituosa por parte da imprensa, onde foi dado destaque à opinião de pessoas que manifestaram uma visão ignorante quanto às atividades da denominação.
A coluna TAB, por exemplo, do UOL, publicou uma matéria onde é trazido o relato de uma moradora que classifica como “inferno” a chegada da Lagoinha no local, além de associar a fé cristã evangélica à pouca cultura.
“O Leblon está se tornando um bairro de pouca cultura, e o fechamento do teatro é mais uma prova disso. Você anda na rua e só tem restaurante, bar e farmácia. Agora é restaurante, bar e igreja, né?”, se queixou a aposentada Claudia Lima, de 64 anos.
A idosa prosseguiu, insinuando que os membros e/ou frequentadores da Lagoinha não seriam dignos de estar no Leblon: “Imagina uma igreja aqui, imagina o público que vai vir frequentar o espaço”, disse ela.
“Pessoas muito vaidosas”
Por outro lado, a opinião da manicure Lucineide Maximiliano, de 51 anos, parece traduzir bem parte da realidade no entorno do Teatro Leblon, onde a arrogância do falso intelectualismo que reduz o conceito de cultura a um pequeno leque de perfis sociais, parece cegar o entendimento de alguns moradores.
Trabalhando em um salão na galeria onde fica o Teatro, segundo a TAB há cerca de 30 anos na região, Lucineide não tem dúvidas ao afirmar que “o Leblon precisa de Deus, e isso vai chamar as pessoas para ouvir a Palavra”.
“Aqui [no Leblon] as pessoas são muito vaidosas e voltadas para o dinheiro. Você anda na rua e vê todo mundo no bar, fumando na sua cara e te olhando torto. Realmente precisa abrir mais igreja aqui”, destacou Lucineide.
Futuro incerto?
Apesar da compra do Teatro Leblon pela Igreja da Lagoinha, o futuro da denominação no local pode ser incerto. Isso, porque, segundo o regimento interno do condomínio onde o espaço está situado, a dependência só poderá ser utilizada para fins comerciais e residenciais.
A realização de cultos, em tese, não seria permitida pelo regimento, segundo o advogado do condomínio, Marcos Moura Messias, que foi acionado por alguns moradores, os quais chegaram a fazer um abaixo-assinado contra a presença da igreja.
Essa restrição, contudo, pode ser alterada se uma nova atividade for aprovada por pelo menos dois terços dos condôminos, ou ainda se houver alguma brecha jurídica que faça prevalecer o entendimento de que a realização de cultos pode, sim, ser feita no local.