“Ontem foi um dia infame para a história do cristianismo bíblico e histórico no Brasil”. Foi com essa declaração inicial que o Bispo Primaz da Igreja Anglicana no Brasil, Miguel Uchôa, publicou um Comunicado Oficial em nome da instituição, destacando o distanciamento da doutrina bíblica cristã que a Igreja Episcopal brasileira cometeu, ao decidir aceitar a união entre pessoas do mesmo sexo, ou “casamento gay“.
Com o título “Quem somos, com quem comungamos, no que cremos”, o documento explica que a Igreja Anglicana do Brasil não é a mesma que a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, ressaltando que o motivo da separação, ocorrida em 2005, foi justamente pela discordância “no que diz respeito à normalidade da prática homossexual e a ordenação de pessoas dela praticantes ao sagrado ministério pastoral”.
“Diante deste fato lamentável, pesa sobre mim, e sobre os demais bispos de nossa igreja, para evitar qualquer mal-entendido, a responsabilidade e a necessidade de deixar claro nosso posicionamento contrário a tal decisão, bem como de esclarecer quem somos”, escreveu Uchôa.
O Bispo explica que a Igreja Anglicana no Brasil segue a Resolução 1.10 da Conferência de Lambeth de 1998 (Conferência de todos os bispos anglicanos do mundo que ocorre a cada dez anos), onde se reconhece “a prática homossexual como incompatível com as Escrituras”, não podendo, portanto, “recomendar a legitimidade ou a bênção de uniões do mesmo sexo, nem ordenar aqueles que estão envolvidos em uniões do mesmo gênero”.
Ainda sobre a Igreja Episcopal Anglicana, o Bispo Uchôa ressalta: “Desde 2005, não temos nenhum tipo de relacionamento com essa instituição religiosa (…), por entendermos que ela se afastou tanto das Sagradas Escrituras quanto dos formulários e decisões da Comunhão Anglicana”.
‘Espírito Santo’
A decisão de “estender o matrimônio a casais do mesmo sexo” é fruto de um alinhamento teológico da Igreja Episcopal Anglicana no Brasil com a chamada “teologia gay“, a qual relativiza às Escrituras para a aceitação da homossexualidade. Desde 1997 a Igreja Episcopal vem tratando esse tema, colocando a pauta em votação outras duas vezes no Sínodo Geral.
Dessa vez, no entanto, por 57 votos favoráveis, três contra e duas abstenções, a igreja decidiu se abrir “à diversidade”, segundo Francisco de Assis da Silva, bispo Primaz da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil. Ele atribui a decisão ao trabalho do Espírito Santo:
“Senti a decisão como resultado da presença e trabalho do Espírito Santo. Isso amplia nossas fronteiras, permitindo que nós possamos ser mais acolhedoras(es) à diversidade no nosso país”, disse ele, de acordo com o site oficial da instituição.
‘Encontro Nacional LGBT’
A decisão de aceitar o “casamento gay” acontece poucos dias após a realização de um evento chamado “Encontro Nacional LGBT – Para Clérigos(as) e Leigos(as) da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil”, realizado entre os dias 25 e 27 de maio passado (2018).
Na descrição do encontro LGBT está escrito: “Uma oportunidade de partilha pastoral, cuidado mútuo, estudo bíblico, oração e teologia libertadora!”.
A realização do evento reforça a proximidade da Igreja Episcopal com às pautas LGBTs na sociedade e também na teologia, indicando que a oficialização da união entre pessoas do mesmo sexo, de fato, foi apenas uma consequência inevitável de uma igreja que optou seguir um caminho divergente da doutrina cristã, onde a inclusão de pessoas e a aceitação dos seus pecados não se misturam.