Diante da dificuldade em refutar os valores bíblicos, cristãos progressistas passaram a negar que a Bíblia Sagrada seja a Palavra de Deus. No Brasil, um grupo feminista alegadamente cristão já havia tomado tal iniciativa, e agora uma igreja progressista despertou furor nas redes sociais ao fazer a mesma declaração.
A GracePointe Church, uma congregação da cidade de Nashville, Tennessee (EUA), usou sua página nas redes sociais em 07 de fevereiro para compartilhar um resumo da pregação de seu pastor, Josh Scott, a respeito de alegadas “inconsistências” presentes na Bíblia Sagrada.
“Como cristãos progressistas, estamos abertos às tensões e inconsistências da Bíblia. Sabemos que é impossível que essas [questões] convivam com padrões modernos. Nos esforçamos para articular mais claramente o que a Escritura é e o que não é”, diz o texto da igreja progressista.
Em seguida, a declaração trouxe a negação sobre a sacralidade do texto bíblico: “A Bíblia não é: a Palavra de Deus, autointerpretada, um livro de ciências, um livro de respostas/regras, inerrante ou infalível”.
Segundo o progressismo adotado pela igreja, a Bíblia é um mero “produto da comunidade, uma biblioteca de textos, multi-vocais, uma resposta humana a Deus, viva e dinâmica”.
A maioria das reações dos usuários do Facebook foi de contrariedade, enquanto outros decidiram rir ou confrontar, nos comentários, a afirmação: “Mentira! A Bíblia é a infalível Palavra de Deus, inspirada por Deus! Vocês não são uma igreja de Deus. Vocês são uma igreja de homens e responderão ao Deus vivo por esta mentira do poço do inferno”.
Investidas
O movimento progressista se infiltrou no meio evangélico há alguns anos e, gradualmente, vem fazendo investidas no sentido de convencer a esmagadora maioria de fiéis – biblicamente conservadores – a adotar uma interpretação do texto bíblico que seja flexível e moldada aos padrões liberais da sociedade.
Em 2017, um grupo de feministas que alegam serem cristãs afirmou, categoricamente, que o livro sagrado do cristianismo não é a Palavra de Deus: “A Bíblia não deve ser entendida como a voz de Deus, mas sim como a memória de um povo”, disse Valéria Vilhena ao defender uma “reinterpretação” dos textos.
As ideias ganharam a simpatia de um pastor renomado, autor de livros e sermões respeitados: Ed René Kivitz, dirigente da Igreja Batista de Água Branca (IBAB). Militante da ideologia de esquerda nas redes sociais e cabo eleitoral de Marina Silva (Rede Sustentabilidade) em 2018, o líder evangélico pregou um sermão em 2020 declarando considerar a Bíblia “insuficiente” e carente de “atualização”.
“Ela é insuficiente para mim. Talvez esse é o grande desafio da igreja contemporânea: olhar a Bíblia como um livro insuficiente. Vou repetir: olhar a Bíblia como um livro insuficiente, um livro que precisa ser relido, ressignificado, para que os princípios de vida que esse livro encerra, e que essa revelação encerra, eles saltem dessas páginas promovendo libertação e justiça e relações de amor no nosso mundo”, disse, ao comentar a carta de Paulo a Filemom.
Em seguida, o pastor reiterou sua manifestação e se declarou contrário à compreensão de que a homossexualidade seja tratada como pecado: “Vamos ter que fazer essa atualização e ter essa coragem de enfrentar os pecados de gênero da nossa sociedade. De enfrentar a questão da homossexualidade, da homoafetividade e dos gays que frequentam as nossas comunidades, estão dentro das nossas comunidades, mas continuam sendo condenados ao inferno por causa de dois ou três textos bíblicos que não foram atualizados”, insistiu o pastor, que foi amplamente refutado por colegas de ministério de outras igrejas.
“Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos” -2 Timóteo 4:3, 4