Para pesquisador, vigor econômico das igrejas evangélicas fortalece politicamente o grupo.
Alberto Carlos Almeida, diretor do Instituto Análise, tem experiência em pesquisar o comportamento dos brasileiros. Além de se autor dos livros A Cabeça do Brasileiro e A Cabeça do Eleitor, ele dirigiu as pesquisas de opinião da Fundação Getúlio Vargas e da Ipsos. Para ele, não existem dúvidas de que o vigor econômico das igrejas pentecostais e neopentecostais, bancado pelas doações dos fiéis, fortalece politicamente o grupo evangélico.
“Parte desse dinheiro é usada para financiar campanhas. A tendência é essa influência aumentar. Os evangélicos estão se capitalizando mais ao longo dos anos”, diz Almeida, em entrevista ao Estado. Leia os principais pontos a seguir.
SURPRESA
Havia a suposição de que os evangélicos doam mais dinheiro que os católicos. O que não se sabia é quanto mais eles davam. A recente prosperidade das igrejas evangélicas pentecostais é visível. Os templos são enormes. Elas têm recursos para investir em redes de rádio e televisão. A surpresa vem do fato de os pentecostais terem uma renda menor do que a dos católicos e a contribuição ser bem maior. Eles ganham menos e estão mais dispostos a doar.
RELIGIÃO EMERGENTE
O pentecostalismo no Brasil hoje é uma religião emergente em termos de recursos financeiros. É como se, do ponto de vista econômico, o catolicismo fosse a Europa e o pentecostalismo a Coreia do Sul.
CAMPANHAS
É um faturamento mensal alto com uma margem de lucro brutal. Pelo panorama político, parte desse dinheiro é usada para financiar campanhas. Está cheio de candidatos evangélicos nas eleições. E os candidatos não-evangélicos vivem cortejando as igrejas evangélicas.
DEFESA DA CAUSA
O candidato, se eleito, não precisa nem pertencer à religião, mas ele vai defender as causas dos evangélicos. Hoje no Brasil, vejo uma disputa por hegemonia entre a Igreja Católica e os evangélicos. A grande diferença é que os evangélicos são fragmentados. O dinheiro vai picadinho para várias igrejas. Mas é fato que eles estão com mais dinheiro na mão. E isso é usado para numa eventualidade financiar candidatos e pressionar governos.
MENOR ARRECADAÇÃO
Podemos fazer uma reflexão. O catolicismo pede dinheiro envergonhadamente.
PERSUASÃO
O pentecostal ao arrecadar tem uma coisa de persuasão, de dizer “dê o dinheiro que Deus vai lhe dar de volta”. Ela mistifica resultados que não são divinos. A pessoa começa a frequentar, por exemplo os Alcoólicos Anônimos, e consegue parar de beber. Ela atribui isso a Deus. O pastor vai dizer: “Viu? Você deu o dinheiro e Deus agiu. Então, continue dando mais dinheiro.” O padre católico não faz isso. E acho que ele não fará. Isso é um limite para arrecadação dos católicos. É preciso pensar em outra estratégia”.
Fonte: AE / Gospel+
Via: Notícias Cristãs