As igrejas evangélicas de Belo Horizonte (MG) têm se preparado para retomar as celebrações de culto, suspensas desde o início do período de quarentena, com medidas preventivas adotadas em cooperação com a Câmara Municipal.
A Frente Parlamentar Cristã, da Câmara da capital mineira, recomendou que as denominações providenciem álcool em gel, máscaras e definam distanciamento entre os fiéis de pelo menos um metro, com cultos de até uma hora de duração.
Outro ponto é que os templos não devem receber mais do que 30% de sua capacidade de lotação máxima. No entanto, um entrave ainda impede que a retomada seja garantida, já que uma deliberação do governo do estado proibiu reuniões públicas ou privadas com mais de 30 pessoas, a título de se evitar aglomerações.
De acordo com informações do portal Hoje em Dia, a prestação de assistência espiritual em meio à pandemia é o principal ponto que justifica a reabertura, segundo o pastor Jorge Linhares, presidente da Igreja Batista Getsêmani, no bairro Dona Clara, na Pampulha.
Linhares revelou que sua igreja já vai retomar as reuniões no próximo domingo, 03 de maio: “A área médica cuida do corpo, psicólogos e psicanalistas cuidam da mente e pastores e padres cuidam da parte espiritual. É isso que o governador (Romeu Zema) e o prefeito (Alexandre Kalil) têm usado para não fecharem as igrejas”, disse o líder evangélico, que também comanda o Conselho Estadual de Pastores, entidade que representa várias denominações.
Entre os católicos, a postura é de um pouco mais de cautela, e a Arquidiocese de Belo Horizonte informou que, por enquanto, não definiu planejamento para o retorno das celebrações.
Riscos
A reabertura dos templos ainda preocupa especialistas em Saúde já que em março, entidades internacionais anunciaram que parte da disseminação do novo coronavírus ocorreu por conta de reuniões e eventos religiosos, como por exemplo, um congresso pentecostal na França, que é apontado como epicentro da contaminação de 40 pessoas que compareceram às celebrações no final de fevereiro.
Na Coreia do Sul a avaliação indica um cenário ainda mais grave, já que uma mulher de 61 anos infectada com o novo coronavírus teria contaminado, direta e indiretamente, milhares de pessoas ao participar de celebrações em diferentes igrejas.
Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), observou que qualquer tipo de aglomeração ainda deve ser evitada: “É impossível garantir que as pessoas irão manter o distanciamento físico necessário o tempo todo, inclusive durante o percurso entre a residência e a igreja”, pontuou.
O médico lembrou que os dados do Ministério da Saúde indicam uma curva ascendente do número de casos e de mortes: “Com o sistema de saúde de várias localidades entrando em colapso, é necessário que as autoridades avaliem com muito cuidado e responsabilidade qualquer forma de flexibilização”.
A Guarda Municipal de Belo Horizonte emitiu nota afirmando que a fiscalização nos templos irá observar o uso de máscaras, o respeito ao distanciamento mínimo definido e a disponibilização de álcool gel.