Após se tornar o único estado brasileiro a manter a supressão do direito à liberdade religiosa, São Paulo vai permitir a retomada dos cultos com 25% da capacidade dos templos a partir do próximo domingo, 18 de abril.
O anúncio do governo do estado foi feito pelo vice-governador Rodrigo Garcia (DEM), que pontuou que o setor de serviços, incluindo restaurantes, salões de beleza e academias, só poderá voltar às atividades a partir do dia 24 de abril, sábado.
“Teremos duas semanas à frente da fase de transição. A primeira semana fazendo flexibilização para o setor do comércio e a segunda agregando o setor de serviços”, disse o vice-governador, dizendo que as autoridades têm procurado garantir a retomada para, ”com muita segurança, se é que é possível, dar passos adiante”.
O governador do estado, João Doria (PSDB), não participou do pronunciamento. O político vem sofrendo desgaste junto à opinião pública após o vazamento de um áudio em que pressiona a equipe para fazer o anúncio da vacina antes que ela estivesse realmente pronta segundo o G1.
São Paulo era o único estado do Brasil a manter a restrição aos cultos presenciais. Levantamento realizado recentemente mostrou que nas demais 26 unidades da federação havia permissão, com restrições, para que fiéis comparecessem à igreja.
Segundo informações da Folha de S. Paulo, o comércio poderá abrir entre 11h00 e 17h00, com a mesma limitação dos cultos: ocupação de até 25% da capacidade do estabelecimento.
O estado continua sob toque de recolher entre 20h00 e 05h00, com obrigatoriedade de teletrabalho para atividades administrativas e escalonamento para entrada e saída de funcionários da indústria, comércio e serviços.
Pressão popular
A postura adotada demonstra que a pressão popular forçou o governo a mudar de estratégia, criando uma “fase de transição” entre as fases vermelha (mais restritiva) e laranja (mais flexível). O coordenador do Centro de Contingência, Paulo Menezes, disse no pronunciamento que a vontade das autoridades era manter o lockdown: “Se fosse possível, idealmente, nos trancarmos dentro de casa por três, quatro semanas, teríamos um cenário de praticamente interrupção viral”, afirmou.
“Mas nós vivemos no mundo real, o centro de contingência compreende isso e entende que as medidas apontadas pelo governo permitem que alguns setores e parte da população que estão sendo extremamente afetadas possam ter alguma chance de conseguir caminhar mantendo um alto nível de isolamento”, acrescentou.
Outro integrante da equipe, João Gabbardo, afirmou que algumas regiões do estado têm condição de avançar para a fase laranja, mas estão impedidas por conta da imposição da chamada “fase de transição”.
“O governo entendeu que essa passagem para a fase laranja tinha um risco maior. Optou-se por fazer essa fase de transição e que todo o estado continua com uma uniformidade de recomendações, o que facilita o controle, facilita para que as pessoas não saiam de uma região para buscar um serviço que está aberto em outra região”, explicou Gabbardo.