O processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) foi aceito pela Câmara dos Deputados em uma longa e extenuante sessão no Plenário Ulysses Guimarães, iniciada às 14h00 do domingo, 17 de abril.
O voto decisivo, somando 342 a favor do impeachment, foi dado pelo deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), às 23h07. O parlamentar se disse honrado por dar “o grito de esperança de milhões de brasileiros” quando disse sim ao processo.
Diversos parlamentares mencionaram suas esposas, filhos e netos, expressando o conservadorismo e o valor à família que está presente na sociedade brasileira. Dentre os deputados da bancada evangélica, destacam-se os casos de Benedita da Silva (PT-RJ), que votou contra, seguindo a lógica de fidelidade ao partido; e Clarissa Garotinho (PR-RJ), que faltou à sessão por licença médica devido a sua gestação.
Nomes de destaque na bancada evangélica, como o pastor Marco Feliciano (PSC-SP), Arolde de Oliveira (PSC-RJ), Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), João Campos (PRB-GO), Paulo Freire (PR-SP), Geovânia de Sá (PSDB-SC), missionário José Olímpio (DEM-SP), Silas Câmara (PRB-AM), Irmão Lázaro (PSC-BA), Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Hidekazu Takayama (PSC-PR), entre outros, votaram a favor do impeachment.
A jornalista Vera Magalhães, da revista Veja, noticiou que por volta das 19h30, a percepção dos aliados mais próximos de Dilma era de surpresa com a margem conseguida pela oposição logo no começo da votação.
“Reunidos no Palácio da Alvorada, os principais apoiadores de Dilma Rousseff assistem à sessão da câmara em silêncio, com semblante sério. O advogado-geral da União se juntou ao grupo que já tinha Lula, Jaques Wagner, Giles Azevedo e Ricardo Berzoini, além de Dilma Rousseff. Wagner comentou sobre a velocidade dos votos e da margem de vantagem para o impeachment. O voto do ex-ministro Alfredo Nascimento (PR-AM), pelo sim, não surpreendeu”, informou Magalhães.
Futuro
Com a admissão por parte da Câmara, Dilma se torna a segunda presidente da República após a Constituição Federal de 1988 a ter um pedido de impeachment aceito. O processo agora será encaminhado ao Senado, onde será apreciado em uma votação que decide se deverá ser levado adiante ou não. Nessa primeira votação, a maioria simples de votos decidirá a questão. Caso pelo menos 42 senadores votem a favor da abertura do processo, uma comissão será criada para analisar a denúncia dos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal. Em caso contrário, o impeachment é arquivado.
Na hipótese de os senadores aceitarem o processo, Dilma Rousseff é afastada provisoriamente por 180 dias, e seu vice, Michel Temer, assume.
A Comissão de senadores debaterá a questão, ouvirá a defesa da presidente Dilma, e posteriormente, em uma sessão dirigida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandovski, os parlamentares decidirão o futuro da presidente. Nesse caso, são necessários 54 votos para que Dilma tenha seu mandato cassado.
Assista à íntegra da votação da sessão na Câmara dos Deputados: