Um cristão armênio foi condenado a dez anos de prisão no Irã após ser flagrado em posse do Novo Testamento. Ele foi acusado de proselitismo, o que é crime na lei iraniana.
O caso de Hakop Gochumyan se tornou notícia internacional após a condenação não ocorrer com base em provas, mas na “intuição pessoal” do juiz, a partir de uma brecha do Código Penal Islâmico do Irã que permite decisões judiciais baseadas em palpites.
Ele e sua esposa, Elisa Shahvardian, foram presos durante as férias de agosto do ano passado no Irã. Ambos estavam jantando com os filhos na casa de um amigo na cidade de Pardis, próximo à capital Teerã, quando agentes de inteligência do governo invadiram a residência e prenderam todos, além de exemplares do Novo Testamento na língua farsi e outros livros cristãos.
De acordo com a organização International Christian Concern (ICC), os dois filhos do casal, de 7 e 10 anos, deixaram o Irã com uma tia após a prisão, enquanto os pais eram mantidos na temida prisão de Evin em confinamento solitário e sob torturas psicológicas.
Elisa, que tem ascendência iraniana e família no país foi libertada dois meses depois mediante pagamento de fiança. Porém, seu marido permaneceu preso acusado de “envolvimento em atividades de proselitismo desviantes que contradizem a lei sagrada do Islã”, promovendo uma “rede de cristianismo evangélico”.
Desde a acusação, Gochumyan tem negado que foi ao país para fazer proselitismo. Durante seu julgamento em fevereiro, o advogado destacou a ausência de provas concretas que apoiassem as acusações e argumentou que a decisão foi indevidamente influenciada pelo artigo 160 do Código Penal Islâmico do Irã.
Este mês, o recurso do cristão armênio foi rejeitado, confirmando a sentença de 10 anos de prisão, segundo informações do portal The Christian Post.
A ICC destaca que apesar das restrições severas e perseguição total, o cristianismo está crescendo de maneira significativa no Irã: “Por mais de 40 anos, o regime iraniano perseguiu os cristãos iranianos através da proibição de Bíblias em língua farsi, da prisão de líderes religiosos e da acusação falsa de convertidos ao cristianismo como ameaças à segurança nacional. Mas, apesar de tudo, Deus está operando um milagre, e a igreja clandestina iraniana continua a crescer rapidamente”.