Mais de 40 pessoas foram mortas durante protestos contra o governo que ocorreram em dezenas de cidades iranianas na última semana após a morte da jovem Mahsa Amini, que havia sido presa pela “polícia da moralidade” iraniana por não usar um hijab adequadamente.
Pelo menos 41 pessoas foram mortas e mais de 1.200 foram presas durante os protestos até sábado, segundo a televisão estatal iraniana. A agência de notícias Reuters pontua que o número de mortos não é oficial.
A revolta ocorreu após a morte de Mahsa Amini, uma mulher curda de 22 anos que teria entrado em coma sob custódia policial após ser presa por não seguir os rígidos códigos de vestimenta impostos às mulheres do Irã.
Mahsa foi interrogada no centro de detenção de Vozara, onde teria sofrido pancadas na cabeça durante o interrogatório. As autoridades afirmam que ela morreu de causas naturais, mas ninguém no país acredita na narrativa oficial.
De acordo com informações do portal The Christian Post, a alta comissária interina das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Nada Al-Nashif, pediu uma investigação imparcial por uma “autoridade competente independente, que garanta, em particular, que sua família tenha acesso à justiça e à verdade”.
A ONU relata que a morte de Amini ocorre no momento em que a polícia de moralidade expandiu as patrulhas nas ruas nos últimos meses, “sujeitando as mulheres percebidas como usando ‘hijab solto’ a assédio verbal e físico e prisão”.
O Escritório de Direitos Humanos da ONU recebeu vários vídeos verificados de tratamento violento de mulheres, incluindo cenas em que mulheres são espancadas com cassetetes e jogadas em vans da polícia.
Diante de tamanha violência, mulheres protestaram em todo o mundo queimando lenços de cabeça e cortando os cabelos. No Irã, multidões pediram a queda do líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, com gritos de “morte ao ditador”.
Em resposta, os extremistas muçulmanos apoiadores do governo organizaram comícios para combater os protestos e pediram a execução de “manifestantes” que foram retratados como “soldados de Israel”.
“Os infratores do Alcorão devem ser executados”, gritavam os apoiadores do governo. Ao mesmo tempo, o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, disse que o governo “lidaria decisivamente com aqueles que se opõem à segurança e tranquilidade do país”, chamando a agitação de “um motim”.
O chefe de polícia do Irã, Hossein Ashtari, também alertou os manifestantes, dizendo à televisão estatal que as pessoas “envolvidas em sabotagem e criando insegurança com base em diretrizes de fora do país devem saber que serão tratadas com força”.
O Irã, um país xiita, é classificado como o nono pior país quando se trata de perseguição religiosa a cristãos, segundo a Lista Mundial de Perseguição, produzida pela Missão Portas Abertas e atualizada ano a no com dados obtidos através de monitoramento da situação nos países.