A postura do governo brasileiro em repudiar a ação militar de Israel na faixa de Gaza contra os militantes do Hamas levantou a ira de alguns líderes evangélicos, que foram até Brasília manifestar sua contrariedade com as ações do governo de Dilma Rousseff (PT).
Um grupo de 80 fiéis, liderados pela pastora Jane Silva, presidente da Associação Cristã de Homens e Mulheres de Negócios e da Comunidade Brasil-Israel, contou com apoio do deputado federal Lincoln Portela (PR-MG), integrante da bancada evangélica, para organizar a manifestação.
“Ficamos ofendidos e magoados com a postura do governo brasileiro, que para nós não condiz com a posição da população cristã brasileira em relação ao conflito”, disse Jane Silva à BBC Brasil.
O posicionamento crítico em relação ao governo também foi compartilhado pelo pastor Silas Malafaia, que usou o Twitter para criticar a forma como a diplomacia brasileira se portou: “Governo medíocre o nosso que não condena os terroristas do Hamas em nota oficial, somente Israel. O único estado democrático do oriente médio. Os terroristas do Hamas escondem armamentos pesados em escolas, hospitais e mesquitas e ainda põe o povo com escudo para eles. Covardes!”. Posteriormente, Malafaia publicou um vídeo sobre o assunto:
Reação desproporcional
Entretanto, a defesa de Israel pelos evangélicos não é uma postura unânime. O pastor Edmilson Vila Nova, presidente da Convenção Batista Nacional (CBN), afirma que os laços religiosos com Israel não são suficientes para promover uma defesa irrestrita das ações do exército do país.
“Qualquer igreja evangélica ou católica no mundo tem uma identificação profunda com a história de Israel e do judaísmo. Mas o fato de judeus constarem na Bíblia como o povo escolhido não dá a Israel o direito de agir dessa maneira [em Gaza]”, disse o pastor, que é visto como uma das principais lideranças batistas no Brasil.
Frisando que essa é uma opinião pessoal – afinal um posicionamento da CBN exigiria uma série de consultas às lideranças que a compõe – Vila Nova afirmou que “o que Israel está fazendo é desumano”, pois o uso de força seria desproporcional.
“Israel usa uma força muito grande contra quem não tem força, o que termina penalizando pessoas que são inocentes e não têm nada a ver com a situação. O fato é que bombardear um lugar pequeno e populoso como Gaza mata pessoas inocentes. Isso se constitui uma ação agressiva, violenta e desproporcional”, opinou.