O deputado federal e ativista gay Jean Wyllys (PSOL-RJ) publicou um artigo criticando o que definiu como “fundamentalismo cristão à moda brasileira” que estaria oprimindo homossexuais e adeptos de religiões minoritárias, como as de matriz africana.
Citando casos de conflito suscitado por questões religiosas e pichações contra gays em muros, Wyllys atribuiu a autoria intelectual desses episódios a líderes cristãos: ”Não se iludam que esses sejam casos isolados, sem relação entre si. Muito menos que correspondam a agonias privadas. Os episódios citados acima são expressões do fundamentalismo cristão e o têm como causa”, disparou.
No artigo, publicado em sua coluna no site da revista Carta Capital, o deputado afirma entender “o incômodo que a expressão ‘fundamentalismo cristão’ possa trazer à maioria dos cristãos brasileiros”, mas afirma que a defesa de princípios feita por muitos pastores é errada e atribui toda a perseguição sofrida por adeptos da umbanda e do candomblé aos seguidores de Jesus Cristo: “No caso do fundamentalismo cristão à moda brasileira, este se materializa na difamação e perseguição sistemática da comunidade LGBT e de outras religiões, sobretudo as de chamada ‘de matriz africana’ (a umbanda e o candomblé), já que, em relação a estas, ainda há um viés racista por serem religiões ‘de negros’”, disparou, acusando evangélicos e católicos de racismo.
Referindo-se à campanha de boicote à novela Em Família feita por evangélicos em protesto ao beijo gay exibido pela Globo, Jean Wyllys diz que “o proselitismo fundamentalista tem saído dos púlpitos e vigorado nas redes sociais” e também “na política”, formando “bancadas que se notabilizam pela intolerância e ignorância, mas também pelas faltas às sessões, ineficiência e problemas com a justiça”.
9. Conclamo os cristãos não-fundamentalistas a se unirem aos adeptos de religiões minoritárias e ateus na defesa da laicidade do Estado.
— Jean Wyllys (@jeanwyllys_real) 2 julho 2014
Por fim, Wyllys tenta atrair a simpatia daqueles a quem atacou: “Conclamo os cristãos não-fundamentalistas, católicos e evangélicos, a reagirem ao fundamentalismo; a virem a público deixar claro que esses líderes fundamentalistas não lhes representam; e a se unirem aos adeptos de religiões minoritárias e ateus na defesa da laicidade do Estado; da diversidade cultural e da cultura de respeito aos diferentes”.