O rebuliço político provocado pela candidatura de Marina Silva (PSB) à presidência da República após a morte de Eduardo Campos foi destaque de uma matéria especial no jornal francês Le Monde, que também repercutiu os ataques à candidata “evangélica”, destacando sua carreira política e sua fé.
Tratando Marina como “favorita” a vencer as eleições para presidente, o jornal afirma que os demais candidatos demonstram desespero para freá-la: “Os adversários e a mídia estão fazendo de tudo para impedir sua vitória. Certos argumentos são repetidos incansavelmente, apesar de sua insanidade”, opina o Le Monde.
A “insanidade” dos argumentos de PT e PSDB contra Marina Silva está no histórico recente dos presidentes brasileiros: “[O argumento de] contestar sua competência, sob pretexto de que ela nunca governou um Estado federado nem administrou uma municipalidade [é insano] Nenhum dos três últimos presidentes tampouco teve essa experiência: nem Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), nem Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), nem Dilma Rousseff”, observa o texto do jornal francês.
O histórico de Marina Silva na política é lembrado no texto do Le Monde: “A carreira política de Marina Silva passou por todos os ‘degraus’: de vereadora a deputada de seu Estado natal (Acre), depois deputada federal, senadora, ministra do Meio Ambiente de Lula durante cinco anos, e por fim candidata à eleição presidencial de 2010, onde seu avanço surpreendeu (20% dos votos no primeiro turno)”.
O texto ainda frisa que a ampla maioria dos brasileiros deseja mudanças na forma que o país é conduzido e relembra os movimentos sociais que tomaram as ruas do país em junho do ano passado.
“A posição de favorita de Marina e do PSB, dissidentes da coalizão governamental de centro-esquerda, coloca o PT em uma situação delicada. Após doze anos do partido no poder, Marina Silva encarna a aspiração por mudança de 80% dos brasileiros, enquanto o PT se encontra na posição dos conservadores, na defensiva, reticente em mudar o que quer que seja”, pontua o jornal, que conclui sua análise dizendo que o fato de Marina ser evangélica desperta preconceito em seus adversários: “A principal objeção contra Marina Silva é sua fé religiosa, o fato de ela pertencer a uma igreja evangélica, a Assembleia de Deus. Essa rejeição vem tanto das elites quanto do PT (cuja direção, após doze anos no poder, integrou amplamente as classes dirigentes)”.