O investimento realizado pela TV Record na produção de sua primeira “novela bíblica” foi alto, na casa dos R$ 100 milhões, mas a segunda temporada gerou incômodo em especialistas em televisão por causa da baixa qualidade de maquiagem e cenografia.
Personagens que atravessaram um período de mais de quarenta anos não tiveram seus intérpretes trocados, e a solução foi usar barbas e perucas, que evidentemente, foram percebidas pelo público.
O jornalista Daniel Castro, do site Notícias da TV, publicou uma análise em que destaca as conquistas da emissora do bispo Edir Macedo com sua ousada aposta, mas também observa os erros cometidos no final da produção.
“A Record finalmente encerra a segunda temporada da novela com o trunfo de ter chacoalhado o mercado audiovisual e reaquecido a disputa por pontos de audiência. Mas nem só números fazem de um folhetim um produto de qualidade. A trama bíblica é a prova de que a falta de planejamento pode destruir um projeto que tinha tudo para terminar com êxito máximo, mas que definhou com erros sofríveis de escalação de elenco, maquiagem e cenografia”, comentou.
Segundo Castro, “a enrolação tomou conta já do final da primeira temporada, em novembro de 2015, e não desapareceu na segunda fase da história, a partir de março deste ano”.
A autora Vivian de Oliveira, segundo o jornalista, explorou os reinos hostis aos hebreus, “num lampejo de inspiração” na elogiada série Game of Thrones, produzida pela HBO. “O problema é que a mira foi mal apontada, e o resultado no vídeo foi bem aquém da série norte americana. Traçar comparações seria até injusto”, afirmou.
A crítica pesada de Castro se dirigiu aos “cenários artificiais, que mais pareciam carros alegóricos de escolas de samba do grupo de acesso”, e também à caracterização dos personagens, considerada por ele como “sofrível” por causa das “barbas e perucas evidentemente falsas”.
Por fim, um elogio à construção da trama da próxima “novela bíblica” da Record: “A ideia de começar a introduzir os personagens de A Terra Prometida foi uma boa maneira de fazer a passagem para a próxima novela da emissora: manteve a unidade entre as tramas e, didaticamente, apresentou os próximos caminhos que a nova narrativa bíblica deve seguir”, concluiu o jornalista.