A presença de igrejas evangélicas neopentecostais na televisão aberta é um incômodo grande para alguns setores da sociedade, em especial para os que trabalham na área, uma vez que cada hora alugada por uma denominação representa, na prática, uma produção a menos da emissora.
O jornalista Flávio Ricco, especializado em TV, é um dos mais ferrenhos críticos da presença de programas de igrejas evangélicas nas emissoras abertas. Em sua coluna no Uol, frequentemente publica artigos pregando a proibição da veiculação de cultos e outras atrações religiosas.
“As igrejas que loteiam os diversos espaços das emissoras de rádio e televisão podem ser acusadas de tudo e mais um pouco, menos de falta de criatividade. A cada dia uma moda diferente é inventada para tomar dinheiros dos desavisados. É quase um exercício de superação. Na RedeTV!, num momento chamado ‘Agente dos Pastores’, é vendido por R$ 35 ‘um saquinho de sabão em pó milagroso, que limpa que nem Jesus’”, criticou Ricco, fazendo referência a um dos programas da Igreja Internacional da Graça de Deus, liderada pelo missionário R. R. Soares.
Indulgências
Ainda sobre o mesmo caso, o jornalista Vinícius Carvalho, do portal TV Foco, comentou: “Na Idade Média, a Igreja Católica realizava a venda de indulgências e de ‘terrenos no céu’, como uma forma de se aproveitar da boa fé das pessoas. Mas parece que a Idade Média continua firme e forte”, criticou.
Ricco pontuou que “em meio a isso, cada um vai dando seu recado”, e destacou o caso de uma líder religiosa que pediu aos fiéis que fossem à sua igreja “ver os ‘vários milagre’ e receber ‘benças’”, e o de um pastor que alertou os fiéis para não entrarem na “igreja errada para não perder a bênção milagrosa” oferecida pela que ele dirige.
“É triste verificar a imensa quantidade de pessoas enganadas na sua boa-fé, dando o que muitas vezes não têm, na espera de uma resposta do céu”, lamentou o jornalista do Uol.