O apoio de algumas igrejas evangélicas ao então candidato a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT) foi condicionada a algumas facilitações para as lideranças de tais denominações. Agora, os aliados do prefeito eleito cobram que os templos religiosos recebam atenção.
A informação foi divulgada pela jornalista Anna Virginia Balloussier, blogueira do jornal Folha de São Paulo e editora-assistente da revista “sãopaulo”.
Segundo Anna, “o pacote de benesses incluiria abrandar a Lei do Psiu para cultos barulhentos (menos igrejas multadas) e facilitar construção e regularização de templos (mais igrejas liberadas). Nada saiu do papel ainda, mas o discurso do presidente da Casa, vereador José Américo (PT), foi animador para o segmento. Diante de plateia de pastores, fazendo as vezes de ‘pagador de promessas’, Américo quitou parte da fatura pelo apoio de evangélicos a Haddad nas eleições”.
A jornalista informou ainda que os benefícios relativos à lei do silêncio, que prevê multa para estabelecimentos que emitam ruídos maiores que 70 decibéis, podem incluir uma “diferenciação” para igrejas evangélicas, pois, nas palavras do vereador, não se pode classificar “boate, roda de samba, pagode e vigília do mesmo jeito”.
Anna cita em seu artigo que a revista em que trabalha realizou, em 2011, uma medição de barulho feita por uma igreja evangélica no centro da cidade e o som alcançou a casa dos 92 decibéis, muito acima do permitido pela legislação.
Outras questões cobradas a Haddad pelas lideranças evangélicas foram a liberação de construção de templos religiosos em ruas residenciais, tratadas como “vias locais”, e a regularização de templos que estão com a documentação irregular.
“O vereador estimou, num ‘cálculo conservador’, que metade deles está irregular (ressaltando não ter dados a mão, chutou que a cidade tem cerca de 10 mil igrejas evangélicos e até 3.000 católicas). Jogou na roda a seguinte alternativa: inserir as igrejas numa lei sancionada por Haddad em setembro, que prevê isenção do Habite-se e anistia para estabelecimentos irregulares de até 5.000 m² (que teriam dois anos para se ajustarem à lei). O petista defende alvarás provisórios para lugares que não apresentem, por exemplo, riscos de segurança. Diz que a medida beneficiaria sobretudo o templo da periferia, ‘que está irregular porque foi construído a duras penas’”, escreveu a jornalista, ressaltando uma crítica do vereador José Américo: “O governo multa e depois vai fazer média com eles [religiosos]”.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+