Especulações de que o segmento evangélico busca outro candidato para apoiar em 2022 começam a surgir na grande mídia. Um jornalista abordou a questão sob o mote de que o presidente Jair Bolsonaro teria atuado com “descaso” durante os primeiros meses da pandemia de covid-19.
O jornalista e escritor Álvaro Alves de Faria publicou um artigo em que afirma que líderes evangélicos buscam encontrar um nome que não seja Lula (PT) ou Bolsonaro, indicando o descontentamento com a postura do presidente durante a guerra contra a covid-19.
“Agora começa a haver problema entre os evangélicos, um dos pontos mais fortes da base governista. Os líderes protestantes e igrejas que formam a base do presidente começam a mudar. Eles já não estão tão satisfeitos como em 2018. Muitos pastores pregam abertamente uma nova posição, em busca de um terceiro nome, que não seja Luiz Inácio da Silva ou Jair Bolsonaro”, escreveu Faria em sua coluna no portal da Jovem Pan.
A narrativa usada para dispor os fatos é a mesma usada em toda a grande mídia: omite-se o fato de o presidente ter apontado suas preocupações de forma franca sobre o vírus em si e os efeitos colaterais da crise sanitária, como desemprego e caos social, além de, propositalmente, ignorar o fato de que o governo federal proveu todos os recursos necessários para que, estados e municípios – instituídos pelo STF como protagonistas no combate à pandemia – pudessem atuar sem preocupações relacionadas a recursos.
Segundo Faria, o suposto afastamento dos líderes evangélicos “começou exatamente no dia 29 de março de 2020, quando o presidente convocou os evangélicos para um dia de jejum, no que foi atendido”. O artigo diz que “nessa ocasião, 36 líderes religiosos gravaram um vídeo no qual ‘atendiam à proclamação santa feita pelo chefe supremo da nação’. Neste ano de 2021, não houve nada disso”.
Para não deixar de citar nenhum nome de lideranças evangélicas que, supostamente, teriam rompido com Bolsonaro, o jornalista menciona uma declaração do pastor Samuel Câmara, da Assembleia de Deus em Belém, a “Igreja-mãe”.
“Na cerimônia para a troca de seis ministros, só três líderes evangélicos compareceram e, mesmo assim, com muita reserva. Por exemplo, o pastor Samuel Câmara, da Assembleia de Deus Belém, que em 2020 gravou o vídeo, afirma que hoje tem muitas restrições ao comportamento de Bolsonaro num tempo tão difícil para o país. Ele diz que os evangélicos acham que o capitão devia ser mais protagonista, mas mostra-se extremamente inflexível. Câmara e a grande maioria das lideranças das igrejas evangélicas defendem o uso da máscara e a vacinação — e que essas medidas precisam se sobrepor às vontades ou convicção do presidente”, avaliou Faria.
“A verdade é que, em pouco mais de dois anos de governo, vários episódios provocados pelo presidente estão se somando e chegaram à sua base de apoio, que já se mostra dividida para 2022. Enquanto isso, o ex-presidiário Lula iniciou sua peregrinação para se aproximar dos evangélicos, uma parte significativa dos eleitores brasileiros. Mas, com Lula, muitos sabem que a mentira é deslavada, o que é próprio dos dissimulados. A situação atual é essa. Os evangélicos estão se afastando de Bolsonaro, mas não desejam ver o PT de volta à chefia da nação. O Brasil não merece esse castigo. Não merece a volta de uma quadrilha de malfeitores que delapidaram os cofres públicos em assaltos nunca vistos na história da humanidade. Os evangélicos tentam encontrar uma terceira via, mas é difícil”, finalizou Álvaro Alves de Faria.