O líder da Igreja Mundial do Poder de Deus, Valdemiro Santiago, concedeu uma entrevista para comentar os recentes fatos que o levaram de volta aos holofotes da mídia, e mesmo tendo pedido R$ 8 milhões em ofertas aos fiéis, negou haver crise em sua denominação.
A entrevista foi concedida a Anna Virginia Balloussier, do jornal Folha de S. Paulo, em sua sala na sede da Igreja Mundial, no bairro do Brás, “um prédio com 800 funcionários”, segundo a jornalista. O escritório de Valdemiro, decorado com um cavalo de bronze com mais de três metros de altura, presente da filha, em nada se parece com uma sala pastoral.
Anna Virgina diz em sua reportagem que “não há facada, barco à deriva, naufrágio, ataque de igreja concorrente, operação da Polícia Federal, processo por aluguel atrasado ou acusação de porte ilegal de armas que tire o bom humor do apóstolo Valdemiro”, e destaca que todos esses episódios “viraram propaganda, boa ou má”.
Valdemiro fundou a Mundial após passar anos como um sacerdote de destaque na Igreja Universal do Reino de Deus, onde chegou a ser bispo. Hoje a denominação cresceu e tem 4.500 templos e três deputados: missionário José Olímpio (DEM-SP), Francisco Floriano (DEM-RJ) e Franklin Lima (PP-MG).
Sobre a polêmica pedida aos fiéis da Mundial dois dias depois de tomar a facada no pescoço, o líder da denominação neopentecostal desdenha: “Quando a imprensa dá a notícia [do atentado], coloca lá: ‘Valdemiro nem bem se recuperou e foi pedir oferta'”. Demonstrando perdão ao homem que tentou tirar sua vida, o líder evangélico disse que torce pela conversão do agressor: “Se Deus quiser, você vai fazer matéria com ele aqui na minha igreja”.
Para ele, a imprensa apenas critica sua forma de arrecadar verbas para a igreja por preconceito, e compara sua situação aos clubes de futebol, que se valem do “patrocínio do sócio-torcedor” para aumentar as receitas: “O Palmeiras arrecadou milhões assim, e todo mundo aplaudiu. Eu pago só neste canal aí [Rede Mundial] R$ 8 milhões [mensais]. O preconceito leva o repórter a separar uma coisa da outra. Ontem mesmo estive com jovens da cracolândia. Isso [projetos sociais] tem um custo”, argumentou o são-paulino Valdemiro.
Sobre o crescimento dos evangélicos no Brasil, como um todo, Valdemiro explicou que isso acontece por causa dos milagres que Deus opera e pela forma como os fiéis recebem os visitantes nos cultos: “Vou fazer uma comparação secular: você vai num restaurante e leva uma pessoa querida. É bem tratado, faz bem ao seu paladar. Você volta, a pessoa que você levou volta e leva outra com ela”, ilustrou.
Sobre a richa com o ex-mentor bispo Edir Macedo, Valdemiro se valeu do “morde e assopra” para explicar o que os separou: “Os males, os maiores deles, vêm desses que se dizem irmãos”, disse, para posteriormente, contemporizar, comparando a situação aos apóstolos da Igreja Primitiva: “Na época do Paulo, ele e Pedro se desentenderam, um foi para um lado, outro para o outro”.
Valdemiro Santiago rebate as acusações feitas pelo jornalismo da TV Record – emissora de Macedo – de que seria proprietário de fazendas de gado, e também da revista Forbes, que garante que o líder neopentecostal tem o equivalente a R$ 700 milhões.
“Não tenho nem US$ 1 milhão”, garantiu. “A casa na qual moro, o carro que uso, o helicóptero em que voo, é tudo dela [Igreja Mundial]”, acrescentou, antes de se colocar na posição de perseguido novamente: “Você acredita em Jesus? Por que será que atribuíram coisas falsas a ele? Porque ele tinha sucesso. Se a minha igreja tivesse dez membros, você acha que eles iam se incomodar?”, questionou.
Por fim, Valdemiro Santiago deixou escapar seu incômodo com os veículos de informação que o descrevem como “autointitulado apóstolo”: “O papa não decidiu ser papa. Cardeais da igreja dele votaram para isso. Por que não respeitam eu ter sido eleito apóstolo pela maioria da minha igreja?”, queixou-se, ignorando que as críticas que são feitas se baseiam na legitimidade da ordenação ao apostolado, considerando a história da Igreja nos últimos séculos.