Uma reclamação de som alto contra uma congregação da Assembleia de Deus em Guarapuava (PR) se tornou algo muito maior quando os policiais que atenderam a ocorrência removeram, sem mandado judicial, os cabos de som do templo. Agora, há a suspeita de que os PMs tenham cometido abuso de autoridade para privilegiar uma funcionária do Fórum da cidade.
A vizinha que fez a ligação reclamando do volume do som possui um histórico de inimizade com os fiéis da igreja, que está no imóvel há 60 anos, de acordo com relatos repassados ao portal Veja Paraná.
“Essa pessoa tem perturbado todos os tipos de reunião da igreja, independente do horário, já entrou no templo gritando; o esposo foi armado até a porta do templo na intenção de intimidar os recepcionistas etc. Nos parece que existe uma ligação amigável e até pessoal entre alguns policiais e a reclamante já que a mesma trabalha no fórum da cidade e no momento de tomar os depoimentos para o termo circunstanciado/ boletim de ocorrência, a referida ‘vizinha’ chegou na sala, digitou e auxiliou a policial que estava de serviço”, observou o jornalista que produziu a matéria.
No episódio mais recente, aproximadamente 10 policiais usaram quatro viaturas para fechar a rua do templo e invadiram o local para tomar os cabos de som, mesmo com os equipamentos desligados. Segundo fiéis, essa não é a primeira vez que a PM age com truculência, e as crianças que vão aos cultos agora estão traumatizadas, chorando com a presença dos policiais.
Segundo os relatos dos vizinhos, a denominação mantém um bom relacionamento com a comunidade à volta. Os representantes da igreja também alegaram usar aparelhos de medição dos decibéis para não cometerem excessos, além de manterem os horários de culto dentro de um padrão.
Perseguição religiosa
A psicóloga Marisa Lobo, que vive em Curitiba (PR), comentou o episódio nas redes sociais e considerou um absurdo a postura da Polícia Militar em relação ao templo, que é local de culto protegido pela Constituição Federal de 1988.
“Cada dia pior. E eu pergunto: e se,fosse um centro de macumba? Ou uma boate gay? Com certeza os Diretos Humanos já estavam na defesa”, protestou, observando que há uma prática de dois pesos e duas medidas quando se trata da comunidade evangélica.