A atuação dos evangélicos na política, há tempos, é demonizada pela grande mídia que, numa tentativa de deslegitimar a presença de religiosos em cargos eletivos, acusa as diferentes denominações de trabalhar em um plano para a tomada do poder. Nesse contexto, o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) foi categórico ao negar tais insinuações durante uma entrevista ao programa Morning Show, da rádio Jovem Pan.
O programa, conduzido pelos apresentadores Edgar Piccoli e Paula Carvalho, contou ainda com a presença dos jornalistas da casa Cláudio Tognolli e Augusto Nunes. Em meio a inúmeras interrupções de raciocínio, Feliciano se dedicou a desconstruir as falácias elaboradas como “senso comum” dos entrevistadores.
Questionado se é um “mercador da fé”, Feliciano afirmou que é pastor de uma igreja pequena, com 200 membros, no interior de São Paulo, cujo templo foi construído com dinheiro de seu trabalho e da qual não recebe salário.
Piccoli questionou o pastor se é correto a existência da dita bancada evangélica, e Feliciano novamente referiu-se ao conceito da democracia: representatividade. “Estou num Estado democrático de Direito. A beleza da democracia está exatamente na representatividade. E isso me mandou ao Parlamento. Quem foi que votou em mim? O meu segmento. Quem foi que colocou um ruralista lá? O segmento dele. Quem foi que colocou o deputado LGBT? O segmento dele”, argumentou.
Em uma intensa oposição à pauta conservadora defendida por Feliciano, os entrevistadores se dedicaram a explorar questões diversas ligadas ao contexto social evangélico, quase sempre a partir de pontos de vista distorcidos. Em determinado momento, Tognolli referiu-se ao pastor como “nazista”, e ouviu em resposta que ele era um “pseudo intelectual”.
Percebendo que a entrevista tomava ares de inquisição, Edgar Piccoli admitiu que a postura havia se tornado agressiva: “Estamos em seis contra um”, disse o apresentador, referindo-se à quantidade de entrevistadores que haviam comparecido ao programa.
Sem meias palavras, Marco Feliciano afirmou que sua bandeira é a defesa da família tradicional e não a oposição a homossexuais, mas sim, contra o “ativismo LGBT” que trabalha pela imposição de uma agenda ideológica e o estabelecimento de “privilégios”, assim como a destruição “dos pilares familiares”.
Augusto Nunes fez uma intervenção dizendo que reprova o discurso encampado pela deputada Erika Kokay (PT-DF) de destruição do conceito de família existe como meio para a implantação do socialismo. Nas redes sociais, circula um vídeo em que a petista defende a derrubada do “paradigma” que criminaliza relações incestuosas, por exemplo.
Contra as insinuações de que o segmento evangélico tem um plano em marcha para a ocupação do poder, Feliciano foi claro: “A igreja evangélica não tem pretensão de chegar ao poder como instituição. O Parlamento não é uma igreja”, pontuou. “Antes de defender a Bíblia Sagrada eu defendo a Constituição”, acrescentou o pastor, em outro momento, destacando que em sua atuação como parlamentar busca o cumprimento da lei.
Feliciano aproveitou para expor o outro lado da moeda, dizendo que já apresentou mais de 70 projetos, e a exemplo do colega Jair Bolsonaro (PSL-RJ), sofre boicote dos colegas parlamentares e, quase sempre, suas propostas não são sequer votadas. Como exemplo, citou o projeto que previa que crianças negras com mais de 5 anos recebessem prioridade na fila de adoção e que terminou reprovado por ter sido proposto por ele.
O pastor também se colocou contra a ideologia de gênero, dizendo que é uma doutrinação real construída a partir da influência da “trindade do inferno”, os escritores “Marx, Darwin e Freud”, que são endeusados pelos entusiastas do comunismo, evolucionismo e da revolução sexual.
De forma didática, em resposta às insinuações de que os evangélicos são ultrapassados, Feliciano declarou que fé e dogmas “não se atualizam”: “Não posso relativizar a Bíblia. Isso é o que a nossa cultura quer entender… Jesus nunca censurou ninguém, mas disse vá e não peques mais”, salientou.
Assista à entrevista completa do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) ao programa Morning Show: