Os motivos que levam os jovens da Geração Y a abandonar a igreja são diversos, mas sempre envolvem a forma como as instituições se comunicam sobre temas importantes da atualidade. Uma pesquisa recente apontou que 59% dos jovens criados no cristianismo estão abandonando suas igrejas.
Ao longo dos séculos, a igreja tem enfrentado lutas desafiadoras, e talvez, uma das mais traiçoeiras seja a atual, por cobrar uma revisão de linguagem sem abandonar princípios. A geração de jovens nascidos durante as últimas décadas se mostra bastante sensível à forma, deixando de lado os porquês.
Há, também, a preocupação por parte de lideranças cristãs de que um movimento de abandono da fé cristã e busca por religiões ascendentes ao redor do mundo, como o islamismo, se fortaleça. Outro destino dos jovens que abandonam as igrejas é o ateísmo, segundo informações da emissora Christian Broadcasting Network (CBN News).
Um dos programas da CBN News promoveu uma “mesa redonda” com jovens da Geração Y (também chamados de Millennials) que foram criados na igreja para trazer à tona os motivos que os levaram a abandonar a comunidade de fé. Os convidados foram Kelsey Spadaro, Austin Fédale, Stuart McCloud e Nic Reynolds.
Os quatro afirmaram sofrer desapontamentos com a igreja por conta da forma como os assuntos importantes para essa geração são tratados no seio da comunidade. Spadaro observou que tópicos como sexualidade e raça foram barrados ou mal tocados. Fedale ecoou esses sentimentos, afirmando: “Os pastores desejam abordar os tópicos difíceis, mas acho que em outros momentos também posso sentir que estamos apenas molhando nossos pés na água”, argumentou, apontando superficialidade.
Fedale deixou a igreja por quase um ano. Explicando o motivo de sua partida, ele disse que se sentia deslocado às vezes, mas também citou outros fatores pessoais, como seguir o caminho errado. Depois de experimentar Deus por si mesmo, ele testifica da redenção do Senhor para chamar Seus filhos ao lar, e ter uma postura correta de coração que é perdoar e oferecer graça.
“Eu não sei o que exatamente fez com que a Geração Y adotasse uma mentalidade de querer saber tudo”, comentou Fedale, levando outros no grupo a concordarem com a avaliação de que é preciso humildade da parte dos jovens ao expressar desejos de mudança e ter uma postura de aceitar correções para encontrar o crescimento.
“Podemos ter uma lista de todas as coisas que gostaríamos de encontrar em uma igreja, mas acho que a coisa mais importante é se submeter ao Pai e estar disposta a ficar desconfortável e ser esticada”, pontuou Spadaro, aderindo à constatação de que há arrogância por parte dos jovens.
Pastor Jeremy Miller, pastor do campus da New Life Church em Virginia Beach, Virgínia, é um dos que se tornou bem-sucedido ao lidar com a Geração Y. Sua estratégia foi buscar equilíbrio entre oferecer o discipulado adequado e abordar os tópicos difíceis dentro dos cultos semanais da ChurchLife.
Quando perguntado como eles foram capazes de atrair e reter a geração mais jovem, ele explicou que a igreja não tem como alvo o grupo, mas se concentra em ver as pessoas andarem na plenitude de quem elas são em Deus. Os resultados são impressionantes, pois os cultos tem uma média acima de 200 fiéis.
Miller acredita que a principal razão pela qual eles obtiveram sucesso é o alicerce de alinhar o desejo das pessoas por Jesus com relações reais e autênticas com os líderes da igreja. Ele acredita que a igreja hoje quer que a geração Y una-se ao sistema religioso, mas eles querem se juntar à “família” – uma família que discute as duras verdades da vida, mas ouve as perspectivas dos outros.
Reynolds concordou com o pastor: “Eu absolutamente acredito que há uma fome em nossa geração pelo discipulado, e acho que muito disso vem através de uma busca de autenticidade e busca de ser real”.
“Eu acho que existe uma enorme responsabilidade na igreja em não apenas desenvolver programas para o discipulado, mas para ser real e ser genuíno”, acrescentou Stuart McCloud.
Uma conclusão quase unânime entre líderes de igreja é que não há uma solução fácil para o declínio da Geração Y, mas a construção de relacionamentos autênticos é um ótimo começo.