Uma máxima presente no meio evangélico diz que crente “come muito”. Agora, um estudo realizado por uma universidade constatou que a jovens que praticam alguma religião tendem a se tornarem obesos na meia-idade.
A Northwestern University realizou uma pesquisa e afirmou que jovens com peso saudável que frequentemente participam de atividades religiosas têm duas vezes mais chances de se tornarem obesos na meia-idade do que seus pares menos religiosos.
Mesmo quando detalhes como raça, sexo, educação e renda – vários fatores que poderiam estar afetando o resultado de maneira independente – foram destacados, a probabilidade de obesidade permaneceu.
Os pesquisadores se basearam em dados do estudo do Desenvolvimento de Risco de Artérias Coronárias em Jovens Adultos, que acompanhou o peso e diversas variáveis físicas e comportamentais, incluindo o envolvimento religioso, em mais de dois mil homens e mulheres nas últimas duas décadas, segundo informações da emissora ABC News.
“Anteriormente descobrimos que aqueles com alto envolvimento religioso tinham maior probabilidade de serem obesos [como adultos de meia-idade ou mais velhos], mas queríamos acompanhar as pessoas ao longo do tempo para ter certeza que as pessoas religiosas têm mais chances de se tornarem obesas”, afirmou Mathew Feinstein, coordenador do estudo na universidade.
“Não é que as pessoas que pesam mais tenham maior probabilidade de se voltar para a religião”, ponderou Feinstein, antecipando-se a uma provável confusão sobre os resultados.
Vários estudos, incluindo alguns dos trabalhos anteriores de Feinstein, encontraram uma associação entre alto envolvimento religioso e obesidade, mas os estudos não encontraram necessariamente uma associação entre religiosidade e resultados negativos na saúde, como marcadores de doença cardiovascular.
De fato, vários estudos ligam a fé a um aumento da expectativa de vida, a um humor mais positivo e à evitação de comportamentos não saudáveis, como beber e fumar.
No estudo atual, por exemplo, quanto mais frequentemente os participantes participavam dos cultos, menor a probabilidade de fumarem. “Evitar esses comportamentos não saudáveis pode explicar, em parte, por que as pessoas religiosas vivem mais”, disse Feinstein.
Feinstein postula que uma possível explicação para a ligação entre religiosidade e peso pode ser que as reuniões religiosas possam se concentrar em refeições pouco saudáveis ou altamente calóricas, criando assim uma associação habitual com trabalhos religiosos e excessos alimentares.
“Os aspectos sociais da religião quase invariavelmente envolvem comida e banquetes” , disse David Katz, diretor e fundador do Centro de Pesquisa de Prevenção da Universidade de Yale.
Muitos especialistas em dietas pensaram que uma mudança de atitude entre pessoas de fé também pode estar por trás do elo. “Outra possível explicação é que a religião encoraja o foco na vida após a morte e pode, assim, distrair um pouco o enfoque nos objetivos de saúde”, acrescentou Katz.
Um estudo sociológico sobre o assunto postulou que as associações entre obesidade e fé podem ter a ver com a priorização de certos pecados sobre os outros. Os sociólogos Krista Cline e Kenneth Ferraro observaram que, nos Estados Unidos, as religiões tendem a se concentrar em coibir pecados, como fumar, beber e promiscuidade, enquanto a gula se tornou um vício mais aceitável.
O Dr. Keith Ayoob, diretor da Clínica de Nutrição da Faculdade de Medicina Albert Einstein, acrescentou que, em meio à atmosfera de restrição, a comida também pode se tornar “uma droga legítima e socialmente aceitável”.