Um grupo de sacerdotes das igrejas Metodista, Luterana e Episcopal, dentre outros, assinaram um manifesto em defesa da prática do aborto, que é visto pela grande maioria dos cristãos – a partir de uma interpretação bíblica – como uma expressão maligna do desprezo pela vida.
A carta dos líderes cristãos do estado de Iowa (EUA) é endereçada aos legisladores, que vêm debatendo um projeto de lei que proíbe os abortos a partir do momento em que os batimentos cardíacos passam a ser detectáveis, por volta de seis semanas da gravidez.
“Não é o papel do governo infringir o direito de uma mulher de tomar decisões médicas privadas”, disseram líderes religiosos das várias denominações evangélicas, segundo informações do portal Life News.
Dentre os 66 signatários do manifesto estavam líderes da Igreja Metodista Unida, Igreja Evangélica Luterana da América, Igreja Episcopal, Igreja Presbiteriana dos EUA (PCUSA), Igreja Unida de Cristo, Batista Americana e Judaísmo Reformado. Os líderes religiosos do Universalismo Unitário, da Igreja Cristã (Discípulos de Cristo) e do Humanista da ULC também assinaram a carta exortando os legisladores a manter os abortos legalizados para bebês por nascer cujos corações já estão batendo.
Algumas das denominações dos líderes religiosos que assinaram estão em desacordo com outras denominações similares. Por exemplo, enquanto a Igreja Evangélica Luterana da América adota uma posição favorável ao aborto, a Igreja Luterana do Sínodo de Missouri e o Sínodo Luterano Evangélico de Wisconsin são fervorosamente pró-vida. Isso é válido para as outras convenções metodistas, presbiterianas, da Igreja de Cristo e Batista também.
Muitos anos atrás, os cientistas descobriram que o batimento cardíaco do bebê por nascer começa por volta de 21 dias após a fertilização – geralmente antes que a mulher perceba que está grávida. Muitas fontes sobre o desenvolvimento fetal relatam isso, embora outras se liguem à evidência de que o batimento cardíaco começa em cerca de 18 dias.
Em 2016, pesquisadores da Universidade de Oxford encontraram evidências de que o coração de um bebê não nascido pode começar a bater ainda mais cedo – 16 dias após a concepção, de acordo com informaçoes reportadas pelo Daily Mail.
Ainda assim, esse grupo de líderes religiosos pró-aborto alegaram que o projeto de lei é baseado na religião, e não na ciência: “O direito constitucional das mulheres de tomar suas próprias decisões de saúde está sendo atacado na Legislatura de Iowa. Com argumentos baseados apenas em crenças religiosas, isso irá criar danos às mulheres do Iowa e ao direito de uma mulher tomar suas próprias decisões médicas”.
Chamando a legislação pró-vida de “imoral”, esses líderes religiosos argumentaram que as mulheres merecem tomar suas próprias decisões sobre seus corpos e gestações: “Toda pessoa tem o direito de manter suas próprias crenças pessoais e religiosas e viver sua vida como elas determinam que seja melhor para elas. O governo não tem o direito de violar as liberdades ou a privacidade das mulheres de Iowa com base nessas crenças religiosas”, escreveram.
Micaiah Bilger, colunista do Life News, rebateu os argumentos dos líderes religiosos: “Se um aborto envolvesse apenas o corpo de uma mulher, talvez eles tivessem um bom argumento. Mas isso não acontece. Um aborto envolve dois seres humanos, a mulher e seu bebê não nascido. E todo o propósito de um aborto é destruir a vida do bebê por nascer. Há muitas décadas, os cientistas descobriram que uma vida humana se encontra no momento da concepção, completa com o seu próprio DNA único”.
“Argumentar que esses seres humanos não nascidos podem ser mortos devido ao seu nível de desenvolvimento, a localização ou seu tamanho é injusto. Os líderes religiosos, de todas as pessoas, deveriam ser os que defendem os direitos de todos os seres humanos, especialmente os mais vulneráveis de todos, bebês no útero”, acrescentou Bilger, protestando contra o manifesto dos líderes pró-aborto.