Pouco mais de um mês após a estreia, o Especial de Natal do Porta dos Fundos na Netflix deverá ter sua veiculação suspensa por ordem da Justiça. A decisão liminar foi concedida pela 6ª Câmara Cível na última quarta-feira, 08 de janeiro.
O desembargador Benedicto Abicair, da 6ª Câmara Cível, acatou o pedido de liminar apresentado pela Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura e ordenou a retirada do filme A Primeira Tentação de Cristo do catálogo da plataforma de streaming.
Polêmico, o filme traz uma representação de Jesus Cristo como homossexual e sugere um triângulo amoroso entre Maria, José e Deus. Antes da decisão liminar, o Especial de Natal foi alvo de abaixo-assinados online, sendo que o que mais amealhou adesões amealhou 2,3 milhões de assinaturas.
O pedido de liminar havia sido negado em primeira instância, de acordo com informações do jornal O Globo. Com o recurso, a Associação Dom Bosco conseguiu o que outras iniciativas populares haviam tentado, sem sucesso.
“Por todo o exposto, se me aparenta, portanto, mais adequado e benéfico, não só para a comunidade cristã, mas para a sociedade brasileira, majoritariamente cristã, até que se julgue o mérito do Agravo, recorrer-se à cautela, para acalmar ânimos, pelo que concedo a liminar na forma requerida”, afirmou o desembargador Benedicto Abicair, em sua decisão.
Deboche
O roteirista do filme A Primeira Tentação de Cristo, Fabio Porchat, ateu, reagiu aos protestos contra o Especial de Natal afirmando que a liberdade de expressão garantia a ele e seus pares o direito de, inclusive, tripudiar sobre a fé alheia.
“Sinto lhe informar, mas com religião se brinca sim. Com qualquer uma. Se brinca com religião, com futebol, com política, com a minha mãe, com o Detran, com o que você quiser. Isso não sou eu que estou dizendo, é a Constituição brasileira. A ‘lei de Deus’ não existe para o nosso país”, escreveu Porchat. “Como você leva a sua vida é problema seu; como eu levo a minha, meu”, acrescentou.
Em resposta, o pastor e escritor Renato Vargens usou as redes sociais para lembrar ao humorista que nada é ilimitado: “Defendo a liberdade de expressão, afinal de contas, graças a Deus, vivemos num Estado democrático de Direito. Contudo, o grupo Porta dos Fundos ultrapassou o limite da liberdade promovendo o achincalhe da fé cristã. […] O que Porta dos Fundos fez foi disseminar de forma intolerante e insaciável a ridicularização do cristianismo e seus adeptos”, avaliou.
O líder evangélico de tradição reformada também afirmou que Porchat e seus companheiros de humor usaram “da liberdade que temos para atacar milhões de brasileiros zombando e ridicularizando da fé que move tanto evangélicos como católicos”.
“Na verdade, esses senhores, que se dizem defensores dos valores democráticos, estão sendo movidos por um progressismo maligno, que visa a instalação do caos moral onde a ausência de valores cristãos é sine qua non à criação de uma sociedade efetivamente anticristã. Para tanto, os ‘comediantes militantes’ defendem uma agenda absorta em relativismo que tenta a todo custo desconstruir os valores judaico-cristãos da sociedade ocidental”, concluiu.