O corpo da menina Eloá, assassinada em Santo André, foi velado durante toda a madrugada desta terça-feira (21). Milhares de pessoas foram se despedir, muitas ainda na busca por respostas para a tragédia.
O enterro acontece às 9h (horário de Brasília). O cálculo da Guarda Civil de Santo André é de que cerca de 27 mil pessoas já passaram pelo velório em Santo André.
Desde às 6h, a família da adolescente se reuniu com amigos para um momento mais íntimo, a portas fechadas. Do lado de fora, parentes, amigos e brasileiros que ficaram tocados com a tragédia prestaram solidariedade.
A área do jazigo do sepultamento foi completamente isolada para a família e amigos. Dentro do cemitério, 60 pessoas fazem a segurança do Cemitério Jardim Santo André. O local é próximo ao conjunto habitacional onde Eloá morava.
Mãe de Eloá: ‘Perdôo, mas quero justiça’
A mãe de Eloá falou na segunda-feira (20) com a imprensa pela primeira vez. Durante o velório da filha ela fez um desabafo. Agradeceu às manifestações de apoio e disse que perdoa Lindemberg.
Na noite de segunda-feira (20), a mãe de Eloá desabafou pela primeira vez. Ana Cristina Pimentel falou sobre o seqüestrador e ex-namorado de Eloá.
“Nunca pensei que ele fosse capaz disso. Ele era, sim, agressivo e possessivo, mas não chegar a esse ponto. Eu consigo perdoar o Lindemberg. Consigo perdoá-lo de todo meu coração, mas que a Justiça seja feita. Quando eu vi que ela estava naquela janela, quando eu vi aqueles panos, eu pensei que a minha filha ia sair pela janela. Eu falei: ‘Vem filha, vem. A mãe está te esperando’. E ela falou assim: ‘Calma, mãe, calma’. A polícia não teve culpa de nada. Nada, nada, porque eles lutaram como eu lutei. Eles choraram comigo como eu chorei. Eu queria que tudo terminasse bem, mas já que terminou dessa maneira, eu estou muito agradecida a todos”, declarou a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel.
A mãe da adolescente diz ter ficado feliz com a doação dos órgãos da filha.
“Talvez Deus tenha feito isso para dar vida a sete pessoas. Eu sei que ela está com Deus e estou feliz. O que está aqui é uma carne que vai apodrecer, mas o espírito da minha filha está com Deus”, acredita Ana Cristina Pimentel.
A mãe estava acompanhada de amigos da escola onde Eloá estudava. Muito emocionados, eles cantaram a música preferida da jovem.
Na escola, a semana começou com muita tristeza. Na janela, um pano preto foi estendido em sinal de luto. No velório, a secretaria estadual de Educação de São Paulo, Maria Helena de Castro, disse que vai ter uma atenção especial com os colegas de Eloá.
“Nós estamos fazendo um trabalho diretamente junto à escola, com a diretora e com os professores para que dêem apoio permanente aos colegas”, afirmou a secretária de Educação de São Paulo.
Nem à noite as pessoas pararam de chegar. A maioria é formada por curiosos que sequer conheceram Eloá, mas que se viram envolvidos com a historia e sentem uma necessidade de se despedir da adolescente. É o caso da aposentada Nair Tesolin.
“Eu tinha uma coisa dentro de mim que parece que eu teria que vir para vê-la. Não moro tão pertinho, mas eu vim”, contou a aposentada.
Foram segundos ao lado do corpo, suficientes para acabar com a angústia.
“Eu me sinto aliviada, pelo menos, de tê-la visto”, lamentou a aposentada Nair Tesolin.
Vieram famílias inteiras.
“Solidariedade para a família também. Isso é importante”, comentou um senhor.
“Nós temos uma filha da idade dela. A dor da mãe é nossa dor também, sentimos a mesma dor que ela esta sentindo. É terrível”, disse um pai de família.
“A gente sente muito, era uma menina tão nova, na flor da idade. Acontecer isso é muito triste”, comentou uma senhora.
O secretário estadual de Justiça de São Paulo, Luiz Antonio Marrey Filho, veio representar o governador do estado, José Serra.
“Nossa presença aqui é de solidariedade humana e também verificar o que podemos fazer em relação a essa família”, afirmou o secretário de Justiça de São Paulo.
Em recuperação no hospital, Nayara soube na segunda-feira (20) da morte da amiga. Nayara chorou bastante e ficou muito abalada. Disse aos médicos que já esperava que isso pudesse acontecer.
Na Paraíba, o pai de Lindemberg, que não criou o rapaz, diz que o filho fez coisa que ninguém faça.
“É um cara novo, podia procurar outro caminho, como estudar. O castigo que deram para ele eu dava mais, porque não é coisa que ninguém faça. Não é coisa para ser humano”, declarou o pai de Lindemberg, José Luciano.
Fonte: G1