A Justiça de Pernambuco determinou que uma adepta do candomblé fique sem a guarda da filha de nove anos de idade, depois que o pai, evangélico, denunciou maus tratos à criança durante rituais da religião de matriz africana.
A mãe da menina, uma pedagoga de 32 anos, é praticante do candomblé e estaria submetendo a filha a rituais. O pai afirma que a menina estava com os dentes infestados de larvas por beber sangue de animais durante os rituais.
De acordo com a revista IstoÉ, um dentista que atende a criança teria afirmado que os procedimentos realizados na clínica foram similares ao de qualquer criança na idade dela, o que traz certa dúvida sobre as alegações do pai.
O Ministério Público acompanha o caso e avalia a decisão tomada pela Justiça com endosso do Conselho Tutelar. A mãe da menina contratou uma advogada e tenta obter os documentos necessários, alegando que os conselheiros tutelares apenas forneceram o número do processo, que corre em segredo de Justiça.
Parte da iniciativa tomada pela mãe para reaver a guarda da criança envolve um relato sobre as atividades praticadas no terreiro, assinado pela mãe de santo, indicando que não eram feitos sacrifícios animais durante as celebrações com presença de crianças.
Diante disso, a tia paterna da menina, que é advogada do pai no caso, removeu a menção à ingestão de sangue animal por parte da criança nos rituais de candomblé, mas reiterou a afirmação de que foram encontradas larvas nos dentes.
Enquanto o processo não avança, a mãe conseguiu uma liminar para ver a filha a cada 15 dias, e conversar por telefone uma vez por semana: “Eu estive com a minha filha e ela chorou a tarde todinha pedindo para eu não levar ela de volta [para o pai]. Ela está sofrendo psicologicamente, disse que a madrasta fica esculachando e falando coisa feia. Fala coisa feia dos orixás, chamou Oxalá de ‘p…’. Isso é um crime notório de intolerância religiosa”, declarou a pedagoga.