Augustus Nicodemus concedeu uma entrevista ao podcast Inteligência Ltda na última segunda-feira, 20 de maio, e reprovou a interpretação de que as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul são punição pela prática de religiões pagãs no estado.
O pastor presbiteriano foi entrevistado por Rogério Vilela em Orlando, na Flórida (EUA), e falou sobre diferentes temas relacionados à fé cristã. Ao ser questionado sobre a catástrofe que assolou os gaúchos, Nicodemus lembrou da passagem bíblica de Lucas 13.4,5, quando Jesus disse aos discípulos que todos precisam se arrepender:
“Eu tenho ouvido, infelizmente… vindo para cá, eu vim escutando um vídeo que me mandaram de um pastor dizendo que o que aconteceu no Rio Grande do Sul é porque é o estado mais envolvido com feitiçaria, com terreiro de umbanda, quimbanda, espiritismo”, introduziu o pastor.
Nicodemus, então, fez questão de desvincular os fatos: “É verdade. Estatisticamente falando, a maior concentração do espiritismo, baixo espiritismo, é lá no Rio Grande do Sul. E o pastor dizendo que tudo isso que está acontecendo é juízo de Deus por conta disso. Isso eu acho cruel”, declarou.
“Somos todos, diante de Deus, pecadores. Cada um de nós. Não podemos dizer, por um lado, que há inocentes. Mas também não podemos dizer que essas tragédias [é porque Deus é injusto]. […] Somos uma raça debaixo da condenação de Deus por conta dos nossos pecados e não condenar o pessoal do Sul como sendo piores do que os outros”, acrescentou o pastor.
Recentemente, circulou um vídeo em que uma empresária declarou que a catástrofe no sul era resultado da “ira de Deus” contra o estado por conta da grande concentração de adeptos de religiões afro-brasileiras. O vídeo gerou enorme polêmica e agora a empresária mineira foi denunciada pelo MP à Justiça por suposta “intolerância religiosa”.
Desde que as chuvas geraram a inundação que assolou o estado, 161 pessoas morreram, 85 pessoas estão desaparecidas e 806 foram feridas, conforme dados da Defesa Civil gaúcha.
Atualmente, 654 mil gaúchos ainda estão fora das residências, sendo 581.633 vivendo em casas de familiares, amigos ou conhecidos, e 72,5 mil morando temporariamente em abrigos.