O testemunho de conversão de um ex-pai de santo que passou 30 anos servindo às religiões oculistas é uma história inspiradora. Ele foi a um culto assistir ao batismo do filho, se rendeu a Cristo e a transformação foi tão intensa que anos depois, o terreiro onde ele atuava se transformou em uma pequena igreja.
A história de Eduardo Santos é ainda mais intensa que muitos roteiros de filme. Na infância, desenvolveu uma doença com apenas um ano de idade e foi levado pela mãe a um curandeiro de Manaus (AM), onde ela ouviu que o filho deveria ser entregue aos espíritos ou ele morreria e a família seria amaldiçoada.
Como o ocultismo já era uma prática da família, o menino foi entregue e aos 11 anos passou a fazer rituais, sendo “promovido” a sacerdote de terreiro aos 13. A essa altura, ele já havia manifestado sua primeira possessão demoníaca e introduzido ao candomblé.
“A minha vida era aprender diretamente não só pelas mães de santos, mas sim com os próprios espíritos que eram os professores”, disse ele. Na vida adulta, depois de casado, manteve a esposa e o filho longe da prática ocultista: “Mesmo servindo a satanás, conscientemente eu sabia que ali não era lugar para eles”.
Seu filho, batizado com o mesmo nome, acabou ouvindo a mensagem do Evangelho através de um amigo com quem disputava um campeonato de videogame: “Ele perguntou se eu gostaria de participar do ‘Pequeno Grupo’ que seria para um jogo de videogame, e aquele contato com as pessoas cristãs foi algo diferente para mim”, contou o filho.
Após três meses participando das atividades do pequeno grupo, o jovem Eduardo foi convidado para ir à igreja, acabou se entregando a Cristo e se inscreveu para o batismo nas águas: “Foi um dos períodos mais difíceis que nós passamos aqui em casa”.
A esposa de Eduardo, Sidilene Santos, também passou a frequentar a igreja com o filho e afirmou que esse havia sido um tempo de mudanças: “Aquilo ali passou a mexer muito comigo e eu me emocionei muito ouvindo os louvores e a Palavra de Deus”.
Retaliação
O pai, então, começou a sofrer retaliações das entidades do candomblé: “Os espíritos diziam que ali era a minha destruição, então eu tinha que contra-atacar. E do começo ao fim eu entrei em guerra com a minha família. Mas tudo que eu fazia se voltava ao contrário, porque aí eles se fortaleciam na fé”.
Eduardo Filho convidou o pai duas vezes para o batismo, mas ele recusou: “No momento do batismo eu estava trabalhando e de repente os espíritos mandaram eu dispersar todo mundo que eu tinha que me preparar para uma guerra. Eles já estavam posicionados e mandaram eu me arrumar”, contou o então pai de santo.
“Eu fui para a igreja para invadir a congregação para colocar cada um dos irmãos, inclusive o pastor, em possessão para que o batismo não acontecesse. Mas, ao chegar na porta da igreja, os espíritos pela primeira vez durante todos os 30 anos que eu vinha servindo a eles, pararam e disseram que não podiam entrar e eu acabei entrando sozinho para acabar com o batismo”, relembrou.
Vestido com os trajes rituais do candomblé e portando um punhal de sacrifício, o pai de santo tinha a intenção de ferir qualquer um que o tocasse: “Quando eu entrei, meu filho já estava pronto para ser batizado e eu senti tanta raiva que eu fui para amaldiçoar ele”.
Os momentos de tensão já eram esperados pela família: “A gente já tinha noção de que se ele fosse, ele iria daquele jeito e ocorreria um grande conflito espiritual ali. Eu sabia que não seria um momento fácil”, comentou o filho.
O pai revelou que ao entrar na igreja viveu algo que nunca se esquecerá: “Quando eu atravessei as portas, eu senti um poder sobrenatural ali que eu nunca tinha sentido na minha vida durante todos esses anos e me deixou calmo. Naquele momento, eu fiquei com medo e entendi que eu não poderia lutar com aquela força sobrenatural. Eu não sabia o que era, mas não podia lutar. Porque ela já tinha amarrado aquele exército de espíritos que estava do lado de fora e naquele momento a única coisa que eu poderia fazer era abençoar o meu filho”.
Assim que foi batizado, o filho pediu a palavra e se dirigiu ao pai: “Independente da religião eu te amo muito”, disse, abraçando-o em seguida. Isso foi um choque para o pai de santo, pois como seus pais eram separados, em sua casa a palavra “amor” não era usada.
A batalha
Quatro dias depois, os espíritos ordenaram a Eduardo que matasse o filho e a esposa, mas ele se recusou e foi obrigado a abandonar a família: “Os espíritos mandaram eu escolher cinco cidades, mas no porto não tinha passagem para nenhuma das cinco. Então, acabei indo para casa de um tio e lá eu falava muito mal dos evangélicos. Mas, eu que fugia da luz, acabei em uma casa de cristãos”, contou.
Esse seu tio era pastor, e um dia o abordou dizendo: “Meu filho você sabia que Jesus tira demônio?”. Eduardo então respondeu: “Eu também tiro e coloco”. Apesar da resposta atravessada, o tio não se abateu e passou alguns dias contando histórias da Bíblia para ele, explicando sobre o poder do Espírito Santo.
Quando aprendeu sobre a história de Jó, Eduardo decidiu voltar para casa e restituir sua família: “Eu tinha tomado uma decisão naquele momento: ‘Eu vou voltar para Manaus e reconstruir a minha família que o diabo fez eu destruir. Vou me desfazer de tudo que eu tenho dentro daquele terreiro de candomblé e quando eu não tiver mais nada eu vou para a igreja buscar conhecer esse Deus que eu não conheço’”.
Ao tio, disse: “Tem um detalhe: ore por mim, porque eu não vou durar nem 16 dias, eles vão me executar”. Quando ele partiu, os fiéis que sabiam de seu caso permaneceram orando por ele.
Ele começou a ir à igreja e participar dos estudos bíblicos: “Nesse período eu era quase o tempo todo atacado por causa dos espíritos. Nesses momentos eu corria para o quarto, me ajoelhava, orava e lia a Bíblia”.
Quando encontrou a esposa, ele foi logo revelando o motivo de sua volta: “Eu vou aceitar esse Jesus. Eu não conheço mas vou aceitar. E tem mais, eu vou casar com você para você poder se batizar”. No mesmo dia, ele aceitou Jesus em um culto em sua casa e foi a primeira vez que ele se ajoelhou diante do Senhor.
Os dias passaram e quando chegou o momento de seu batismo, Eduardo vinha há 56 horas em jejum, pois temia ser atacado pelas entidades. Assim que desceu às águas, sentiu que estava livre do domínio dos espíritos malignos: “Foi no batismo que satanás perdeu a autoridade. Hoje, eu vivo sob a autoridade de Cristo. Foi no batismo que o Senhor escreveu meu nome no livro da vida. Hoje eu sou um homem de Deus. Tudo que eu procuro fazer na minha vida é colocar Deus em primeiro lugar”.
Em seu testemunho, Eduardo citou 1 Pedro 2:9: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.
Depois de convertido e batizado, Eduardo foi procurado por mães de santo que tentavam convencê-lo a retornar ao ocultismo: “Eu usava todos os argumentos bíblicos contra a idolatria e feitiçaria para explicar porque eu não ia voltar. Eu colocava elas para orar e para ler, quando eu terminava de fazer o apelo, elas aceitaram Jesus”.
O antigo terreiro, que ficou fechado por quase dois anos, foi doado para uma igreja, que estabeleceu uma congregação no local, atraindo muitas pessoas: “Eu vejo Deus agindo em nossa vida e eu acredito que Ele tem um propósito muito bom para a gente”, disse Sidilene.
“Constantemente nós buscamos a Deus fazendo culto no lar e estudar a Bíblia”, acrescentou o filho no depoimento feito há 6 anos ao canal Adventistas Amazonas no YouTube.
“A mensagem que eu deixo para essas pessoas que estão buscando e acham que não tem jeito. Tem jeito sim, o único caminho é Cristo Jesus. Hoje, eu sou um missionário disfarçado de fotógrafo. Eu quero que as pessoas tenham a mesma oportunidade que eu tive de conhecer Jesus. Deus transformou minha vida”, concluiu o ex-pai de santo.