A homologação da delação de um grupo de executivos da empreiteira Odebrecht pelo Supremo Tribunal Federal (STF) abriu espaço para um “vazamento” de uma “lista” com nomes que teriam sido implicados pelos delatores nos crimes investigados pela Operação Lava-Jato. E nesse “documento” apócrifo constam os nomes do pastor Silas Malafaia e do bispo Edir Macedo.
Os nomes dos líderes evangélicos na “lista” não são os únicos destoantes do contexto, pois o boato envolve ainda o jornalista Reinaldo Azevedo, blogueiro da revista Veja, colunista da Folha de S. Paulo, analista político da RedeTV! e apresentador do programa Os Pingos nos Is, da rádio Jovem Pan.
A “lista” contém uma série de erros crassos, indicando que houve a intenção de manchar a reputação das pessoas mencionadas. Em meio a dezenas de nomes de políticos, surgem a referência ao “bispo Macedo”, o “pastor Silas Malafaia” e à deputada federal Clarissa Garotinho (PR), integrante da bancada evangélica e atualmente licenciada para trabalhar como secretária de Desenvolvimento, Emprego e Inovação da prefeitura do Rio de Janeiro.
Chama atenção o fato de que o Supremo Tribunal Federal – corte máxima do sistema jurídico brasileiro – supostamente homologaria uma lista com erros nos nomes dos “acusados”. O líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) foi batizado pelos pais como Silas Lima Malafaia, e o fundador da Igreja Universal do Reino de Deus chama-se Edir Macedo Bezerra. Já a filha do ex-governador Anthony Garotinho chama-se Clarissa Barros Assed Garotinho Matheus de Oliveira.
Além desses deslizes, há, dentre outros também evidentes, a inclusão do prefeito paulistano João Dória (PSDB), mencionado como “Dórea”, e o ministro da Educação, José Mendonça Bezerra Filho, mencionado apenas como “Mendonça Filho”.
A reação
Malafaia e Azevedo comentaram a “lista” que circula nas redes sociais e fizeram questão de tripudiar sobre o boato. “Armaram uma lista apócrifa, da delação da Odebrecht. Com todo respeito, só idiota para acreditar nisso. É a segunda lista que fazem. Só kkkkkkkkkkk”, escreveu o pastor, bem ao seu estilo.
Já o jornalista destacou sua perplexidade com o empenho em difamá-lo, já que é um opositor ferrenho das esquerdas: “Chegou-me por WhatsApp uma lista em que aparece um ‘Reinaldo Azevedo’ como um dos beneficiários da Odebrecht. E, claro!, a canalha faz a festa. É estupefaciente. Coisa destes tempos. Ontem, e renovo o pedido agora, cobrei que a ministra Cármen Lúcia quebrasse o sigilo das delações. E justamente para evitar esse tipo de baixaria”, destacou, em um artigo publicado no site da Veja.
Para Azevedo, essa foi “mais uma tentativa de intimidação”, que segundo ele, não surtiu efeito: “Não é a primeira. Não será a última. Inútil desta vez, como foi inútil nas outras”, concluiu.
O pastor da ADVEC também deu a entender que pretende deixar a boataria morrer por si só: “SÓ PODE SER COISA DE ESQUERDOPATA […] O meu nome e do jornalista Reinaldo Azevedo em lista da Odebrecht. Lula e Dilma não aparecem. PIADA! Avisa aos esquerdopatas idiotas, na próxima lista que incluir meu nome, não coloque a minha função. Eu sou o único que mencionam a função”, zombou.
O desejo de me denegrir é tão grande, os imbecis armam uma lista falsa, e colocam o meu nome com o título de pastor.São muito burros kkkkkkk
— Silas Malafaia (@PastorMalafaia) 1 de fevereiro de 2017