A ex-primeira-dama Marisa Letícia, 66 anos, esposa do ex-presidente Lula, teve sua morte cerebral confirmada pela equipe de médicos do Hospital Sírio-Libanês na manhã desta sexta-feira, 03 de fevereiro.
O teste realizado hoje, às 06h00 (18h após a suspensão da sedação que a mantinha em coma induzido), constatou que a falta de fluxo sanguíneo no cérebro de Marisa levou ao fim das atividades neurológicas.
Tecnicamente, a ex-primeira-dama ainda está viva, pois tem batimentos cardíacos. Os médicos, que já haviam retirado os aparelhos de respiração, agora aguardam o coração parar de trabalhar: “O tempo, agora, é dele”, comentou o cardiologista Roberto Kalil em uma roda de médicos do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, segundo o jornalista Ricardo Noblat, do jornal O Globo.
“Há protocolos médicos a serem cumpridos em ocasiões como essa. E todos estão sendo rigorosamente respeitados. A família Lula da Silva decidiu doar órgãos de Marisa Letícia. As providências a respeito foram tomadas”, informou Noblat. Quando o coração parar de bater, sua morte será anunciada oficialmente.
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Lula e Marisa foram casados por 43 anos, e a ex-primeira-dama deixa, além do esposo, os filhos Marcos – fruto de um casamento anterior, que foi adotado por Lula -, Fábio, Sandro, Luís Cláudio e a enteada Lurian (filha do ex-presidente com uma ex-namorada).
Política
Lula recebeu a visita de ex-presidentes, senadores, ministros e lideranças políticas adversárias no Hospital Sírio-Libanês.
Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que derrotou Lula em duas eleições presidenciais (1994 e 1998), foi prestar suas condolências ao petista. Mais tarde, o presidente Michel Temer (PMDB) chegou acompanhado por José Sarney (PMDB), ex-presidente da República; José Serra (PSDB), ministro de Relações Exteriores; Eunício Oliveira (PMDB), novo presidente do Senado; Helder Barbalho (PMDB), ministro da Integração Nacional, e dos senadores Renan Calheiros (PMDB), Eduardo Braga (PMDB)-, Edison Lobão (PMDB) e Cassio Cunha Lima (PSDB).
Na conversa com o, agora, adversário político Temer, Lula deu conselhos: “Não se faz reforma da Previdência com o país em recessão […] Michel, quando quiser conversar comigo, me chame. Não posso é ficar me oferecendo”, afirmou o ex-presidente. “Ah, com essa abertura, vou chamar muitas vezes”, respondeu Temer.
Lula aproveitou o diálogo para se queixar Supremo Tribunal Federal: “Está acovardado”. O petista, que é réu em cinco ações penais oriundas da Operação Lava-Jato, ensaiou uma crítica também ao juiz Sérgio Moro, mas desistiu: “Melhor deixar pra lá”.
Elogiando o adversário FHC, que o visitara mais cedo, afirmou que a vida o ensinou a “separar divergências políticas e embates eleitorais da amizade”. “Todos nós aqui temos a responsabilidade de fazer esse país se reencontrar e voltar a sorrir”, declarou aos visitantes, esquecendo-se, momentaneamente, que ele é o inspirador do discurso “nós contra eles”, que eletriza a militância petista nos embates eleitorais contra os adversários.
O jornalista Josias de Souza, do Uol, informou que um dos participantes da comitiva que visitou Lula resumiu o encontro da seguinte forma: “Marisa Letícia, infelizmente, morreu. Mas Lula está vivíssimo”.